Tinta sobre papel: informação epistolar ou egodocumento como informação do eu
DOI:
https://doi.org/10.9771/rfd.v8i0.66259Palabras clave:
memória documental, informação epistolar, egodocumento, correspondência pessoal, escrita de siResumen
O presente artigo trata da informação epistolar sob a perspectiva do egodocumento ou ainda informações do eu, constante do Arquivo Pessoal de José Simeão Leal, especificamente, o conjunto de nove cartas trocadas entre o titular e sua esposa Eloáh Drummond no período de 28 de outubro a 17 de dezembro de 1956. O corpus foi escolhido pelo método intencional (Aróstegui, 2006) e se justifica pelo fato desse período envolver os dois missivistas em situações delicadas como “doença, separação e perda”, eventos que fazem com que os sujeitos se mostrem mais intimamente, como afirma Barthes (1974). Trata-se de uma abordagem de pesquisa qualitativa com enfoque histórico-documental no qual são considerados para além do conteúdo todas as marcas evidenciadas também na materialidade do suporte, ancorando-se teoricamente em Camargo e Goulart (2007) que arregimentaram pela primeira vez em seus escritos, na literatura arquivística brasileira, o termo egodocumento, no qual afirmam ser estes capazes de evidenciar as “zonas de penumbra”, desnudando aspectos nem sempre valorizados pelos arquivistas. Associamos a esta compreensão o entendimento de Foucault (1992) e Gomes (2004) na teoria da escrita de si, culminando com o conceito de informação epistolar de Andrade (2014). Os resultados revelam uma escrita cheia de confissões, dores, arrependimentos, trocas e o desejo de retomadas. Sentimentos expressos em ato contínuos de um movimento dialético entre passado e presente, testemunho do tempo!
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Citas
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