Nós, Mulheres da Periferia: jornalismo de beirada como contra-pedagogia da crueldade

Autores

  • Bárbara Maria Lima Matias Universidade Federal de Minas Gerais https://orcid.org/0000-0002-0943-2016
  • Juliana Soares Gonçalves Universidade Federal do Amazonas

DOI:

https://doi.org/10.9771/contemporanea.v23i0.66205

Palavras-chave:

jornalismo de beirada, narrativas, periferia, contra-pedagogia

Resumo

Este artigo propõe uma reflexão sobre o “jornalismo de beirada” do coletivo fundado por mulheres negras das periferias Nós, Mulheres da Periferia, como intenção de se repensar narrativas jornalísticas e experiências comunicacionais a partir de uma proposição anticolonial. Como lente teórica-metodológica, o conceito de “contra-pedagogia da crueldade” nos auxilia a pensar as colonialidades que circundam a historiografia e disputas simbólicas para se narrar o mundo institucionalmente e jornalisticamente. Como resultados da pesquisa, concluiu-se que o jornalismo de beirada se constitui como um espaço seguro para as mulheres negras e moradoras de periferias, à medida em que parte de experiências localizadas na construção dos sentidos propostos, bem como atua para fortalecimento simbólico de vínculo entre essa parcela da população.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Bárbara Maria Lima Matias, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutoranda e mestra em Comunicação e Sociabilidade Contemporânea pela Universidade Federal de Minas Gerais. Se dedica a pesquisas sobre narrativas jornalísticas, temporalidades e territorialidades. Integra o Temporona: Coletivo de Ações em Temporalidades e Narrativas.

Juliana Soares Gonçalves, Universidade Federal do Amazonas

Professora e pesquisadora da Universidade Federal do Amazonas. É doutora e mestra em Comunicação e Sociabilidade Contemporânea pela Universidade Federal de Minas Gerais. Se dedica principalmente a pesquisas nos campos de Estudos de Gênero e Comunicação.

Referências

BRIL, Gonzalo. Análisis crítico de textos visuales: mirar lo que nos mira. Madrid: Editorial Síntesis, 2007.

ALBUQUERQUE, Afonso. A modernização autoritária do jornalismo brasileiro. Revista Alceu, Rio de Janeiro, v. 10, n. 20, 2010, p. 100–115, 2010.

ARRUDA, Agnes de Sousa; ROVIDA, Mara; CUNHA, Simone. Diversidade e pluralidade no jornalismo: por uma epistemologia do jornalismo das periferias. Estudos em Jornalismo e Mídia, 2024.

BERGER, C. A comunicação emergente: popular e/ou alternativa no Brasil. Porto Alegre: UFRGS, 1989.

Bezerra, Juliana Freire. Jornalismo das periferias: um fenômeno em ebulição. Revista Alterjor, [s. l.], v. 24, n. 2, p. 283–289, 2023.

BIROLI, Flávia. Técnicas de poder, disciplinas do olhar: aspectos da construção do “jornalismo moderno” no Brasil. História, São Paulo, v. 26, p. 6, 2007.

COLLINS, Patricia Hill. Pensamento feminista negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento. Tradução: Jamille Pinheiro Dias. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2019.

COSTA, Verônica Soares et al. Direitos reprodutivos e ciência: perspectivas feministas sobre o jornalismo científico de Gênero e Número. In: ENCONTRO ANUAL DA COMPÓS, 32., 2023, São Paulo. Anais […]. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2023.

FONSECA, A. C. É tudo um mmo jornalismo? In: LEAL, Bruno Souza; ANTUNES, Elton; VAZ, Paulo Bernardo (Orgs.). Para entender o jornalismo. Belo Horizonte: Autêntica, 2014, p. 19–28.

FREITAS, Viviane Gonçalves. Feminismos na imprensa alternativa brasileira: quatro décadas de lutas por direitos. Jundiaí: Paco Editorial, 2018.

JÁCOME, Phellipy et al. Por uma história anticolonial: fluxos temporais não-lineares nos podcasts Conversa de Portão, Praia dos Ossos e História Preta. Estudos em Jornalismo e Mídia, [s. l.], v. 20, n. 2, 2023.

JÁCOME, Phellipy et. al. É possível imaginar um jornalismo de reparação? Desafios na busca pelo direito ao tempo a partir da leitura de jornais escravocratas. Compós, [s. l.], v. 34, 2025.

MATIAS, Bárbara Maria Lima. Mas tão brilho que vai ser esse sol, esses cacos, esse encontro: a proposta narrativa do jornalismo de beirada pelo coletivo Nós, Mulheres da Periferia. Dissertação (Mestrado em Comunicação Social) – Universidade Federal de Minas Gerais, 2023.

MATIAS, B. et al. Jornalismo, racismo e (de)colonialidades nos coletivos Alma Preta e Nós, Mulheres da Periferia. Compós, [s. l.], 2024.

MORAES, Fabiana. Sobre que militantes e engajados estamos falando? Um olhar sobre a imprensa comercial brasileira e o posicionamento como estratégia jornalística. Brazilian Journalism Research, Brasília, v. 19, n. 3, 2023.

PERUZZO, CecÃÂlia Krohling. Conceitos de comunicação popular, alternativa e comunitária revisitados e as reelaborações no setor. Revista Eco-Pós, Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, 2009.

RIBEIRO, Ana Paula Goulart. Memória de Jornalista: um estudo sobre o conceito de objetividade nos relatos dos homens da imprensa dos anos 50. Compós, [s. l.], 2002.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidad, modernidad/racionalidad. Perú Indígena, [s. l.], v. 13, 1991.

SEGATO, R. Gênero e colonialidade: em busca de chaves de leitura e de um vocabulário estratégico descolonial. E-cadernos CES (Online), v. 18, 2012.

SEGATO, Rita Laura. Contra-pedagogías de la crueldad. Buenos Aires: Prometeo Libros, 2018.

TAVARES, Luisa. O jornalismo das periferias de São Paulo entre a experimentação e a atualização de práticas convencionais. Dissertação (Mestrado em Jornalismo) — Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2019.

VILLAVUEVA, Erick R. Torrico Villanueva Torrico. La comunicación decolonial, perspectiva in/surgente. Revista Latino-americana de Ciencias de la Comunicación, [s. l.], v. 15, n. 28, 2018.

Downloads

Publicado

2025-08-14

Como Citar

Matias, B. M. L., & Gonçalves, J. S. (2025). Nós, Mulheres da Periferia: jornalismo de beirada como contra-pedagogia da crueldade. Contemporanea, 23(1). https://doi.org/10.9771/contemporanea.v23i0.66205

Edição

Seção

Artigos