URGÊNCIAS EM DADOS: ACERVOS, ANÁLISES E METODOLOGIAS NOS ESTUDOS SOBRE FEMINICÍDIOS NO BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.9771/rf.13.3.70746Palavras-chave:
feminicídios, ciência feminista, metodologia da pesquisa, LESFEMResumo
O feminicídio é definido como assassinato de mulheres por sua condição de gênero, constituindo grave violação de Direitos Humanos (Caicedo-Roa; Bandeira; Cordeiro, 2022). No Brasil, a Lei nº 13.104/15 classificou a conduta como circunstância qualificadora do crime de homicídio, e a Lei nº 8.072/90 foi alterada para incluir o feminicídio no rol de crimes hediondos. Embora o esforço legislativo seja importante, há diversos entraves na sua aplicação, desde disputas conceituais ao machismo estrutural arraigado na sociedade que, atualmente, mata, em média, 04 mulheres por dia (LESFEM, 2024). Nesse contexto, o Laboratório de Estudos de Feminicídios (LESFEM), surgiu com a proposta de atuar na produção e análise de dados sobre feminicídios, colaborando com a sociedade e o Estado no enfrentamento à violência contra mulheres e meninas. A fim de superar os obstáculos à efetivação da legislação pertinente, e incrementar o acesso qualitativo aos dados, estes devem ser interpretados a partir de pesquisas sob a perspectiva de gênero. Este artigo propõe apresentar o arcabouço teórico que valoriza a produção feminista, bem como analisar as escolhas metodológicas de pesquisa realizadas pelo LESFEM. Pretende-se, dessa forma, colaborar na construção de caminhos possíveis, para efetivação de políticas públicas e promoção da cultura de paz. Há urgência na construção de metodologias que unifiquem dados, permitam análises interseccionais e estabeleça recomendações efetivas para o enfrentamento e coibição de violências de gênero.
Downloads
Referências
BANDEIRA, Lourdes Maria. Violência de gênero: a construção de um campo teórico e de investigação. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de. (org.) Pensamento feminista brasileiro: formação e contexto. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. p. 293-313.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Traduzido por Luís Antero Reto, Augusto Pinheiro. São Paulo: Edições 70, 2016. Tradução de: L’Analyse de Contenu, 1977.
BRASIL, Diretrizes para investigar, processar e julgar com perspectiva de gênero as mortes violentas de mulheres. 2016. Disponível em: https://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2016/04/diretrizes_feminicidio.pd. Acesso em 13 Dez. 2023.
CAICEDO-ROA, Mônica; BANDEIRA, Lourdes; CORDEIRO, Ricardo. Femicídio e Feminicídio: discutindo e ampliando os conceitos. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 30, n. 3, e83829, 2022.
CARDOSO, Márcia Regina Gonçalves; OLIVEIRA, Guilherme Saramago de; GHELLI, Kelma Gomes Mendonça. Análise de Conteúdo: uma metodologia de pesquisa qualitativa. Cadernos da Fucamp, v. 20, n. 43, p. 98-111, 2021.
CAVALCANTI, Vanessa Ribeiro Simon & Teixeira, Márcia Regina Ribeiro. "Violências sobrepostas na pandemia: O machismo que mata, as agendas e os enfrentamentos no Brasil". Ponta Grossa: Atena, 2021, pp. 1-15. Disponível em 10.22533/at.ed.6132116071
CAVALCANTI, V.R.S. Violências sobrepostas: contextos, tendências e abordagens num cenário de mudanças. In: DIAS, I. (Org.). Violência doméstica e de género: uma abordagem multidisciplinar. Lisboa: Pactor, 2018, pp. 97-121.
COLLINS, Patricia Hill. Bem mais que ideias: a interseccionalidade como teoria social crítica. Tradução: Bruna Barros e Jess Oliveira. São Paulo: Boitempo, 2022.
COLLINS, Patricia Hill; BILGE, Sirma. Interseccionalidade. Tradução de Rane Souza. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2021.
HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial, Cadernos Pagu, n. 05, 1995:07-42. Link: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1773. Acesso em: 14 Dez 2023.
HARDING, Sandra. A instabilidade das categorias analíticas na teoria feminista. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de. (org.) Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. p. 95-118.
HERSCOVITZ, Heloiza Golbspan. Análise de conteúdo em jornalismo. In: LAGO, Cláudia; BENETTI, Márcia. Metodologia de Pesquisa em Jornalismo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
LESFEM, Laboratório de Estudos de Feminicídios. 2022. Informações sobre o Núcleo de Pesquisa, Memorial e Metodologia. Disponível em: https://sites.uel.br/lesfem/. Acesso em: 14 Dez. 2023.
MORAES, R. Análise de conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, RS, v. 22, n. 37, p. 7- 32, 1999.
SEGATO, Rita Laura. Território, soberania e crimes de segundo Estado: a escritura nos corpos das mulheres de Ciudad Juarez. Estudos Feministas, Florianópolis, 13(2): 256, maio-agosto/2005. p. 265-285.
ZAMBONI, Marcela; FARIA, Jairo Rocha. Contágio social em tribunais do júri. Revista Brasileira de Sociologia - RBS, [S. l.], v. 6, n. 13, 2018. DOI: 10.20336/rbs.265. Disponível em: https://rbs.sbsociologia.com.br/rbs/article/view/392. Acesso em: 24 out. 2025.
ZAMBONI, Marcela; OLIVEIRA, Helma Janielle Souza de; BERNARDO, Aristides Ariel. Razão, emoção e poder nos tribunais do júri. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 2023, 38. DOI: 10.1590/3811033/2023
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autoras/es que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1. Autoras/es mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
2. Autoras/es têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autoras/es têm permissão e são estimuladas/os a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.