Revista Prelúdios

Desigualdades e estratificação social

2025-06-15T11:31:16+00:00

Este artigo propõe a análise de fatores que possibilitam a estratificação social e a divisão da sociedade em grupos desiguais. Com base neste pressuposto, foram apresentados conceitos, estudos e pesquisas que abordam, esclarecem e sistematizam esse tema. A partir da análise do material selecionado, foi constatado que fatores econômicos, de raça, de gênero, de status, de localidade podem ser fontes de aspectos utilizados para a diferenciação social. Contudo, para analisar tais características relacionadas ao indivíduo e a sua colocação social, é essencial utilizar um processo dinâmico de investigação. Assim, é necessário compreender a trajetória desse sujeito, que está inserido em determinado contexto. Utilizando-se da pesquisa bibliográfica entre periódicos nacionais e internacionais, foi possível salientar a argumentação aqui apresentada. Mas, apesar do vasto material encontrado, a área abordada apresenta grande potencial para novos estudos, bem como para a expansão de alguns métodos de pesquisa, visto a importância e a necessidade de se incentivar mais trabalhos na área.

Entre fascismo e liberalismo

2025-04-03T21:02:40+00:00

RESENHA: Mattei, Clara. A ordem do capital: como economistas inventaram a austerida de e abriram caminho para o fascismo. São Paulo: Boitempo (2023). Desde a ascensão da extrema direita no mundo todo surgiram estudiosos dedicados à sua investigação, relacionando-a ao fracasso do neoliberalismo e ao sistema político assim como representativo das democracias burguesas ocidentais. Há, entretanto, um pilar de sustentação das sociedades neoliberais: a política de austeridade, praticada e difundida por todos os países do Ocidente. É para explicar as origens e causas da austeridade que o livro de Clara Mattei, A Ordem o Capital, contribui. O livro aborda desde a perspectiva da história econômica a relação entre fascismo, liberalismo. Coloca a austeridade fiscal como elemento fundamental do regime capitalista e nazifascista, e aborda as relações políticas, diplomáticas e as semelhanças na política econômica de ambos. Trata-se de um estudo findamental e original da compreensão de regimes autoritáios e da ascenção da extrema direita neolioberal.

Democracia e classe

2025-04-30T12:09:10+00:00

O presente artigo explora a maneira como a teoria democrática, em suas formulações liberais e socialistas, compreende a relação entre democracia e classes sociais. Para tanto, foi realizada uma revisão bibliográfica de autores proeminentes de ambos os campos, com foco em Tatu Vanhanen, como representante da teoria liberal, e Ellen Wood, como representante da teoria socialista. Enquanto os liberais procuram mitigar os efeitos dos conflitos de classe por meio da mediação proporcionada pelo direito e pelas instituições, neutralizando o impacto da classe sobre a política, os socialistas entendem que a democracia possui um caráter de classe, ou seja, são as demandas oriundas das classes trabalhadoras que permitem um real processo de democratização. Reservadas as diferenças entre as duas vertentes, ambas reconhecem que a democracia resulta da necessidade de processar ou resolver os conflitos oriundos da questão das classes.

Empreendedores dos espaços públicos

2025-04-04T17:32:16+00:00

Este artigo analisa as formas de apropriação dos espaços públicos de Salvador a partir das feiras gastronômicas e culturais “A Feira da Cidade” e “Salvador Boa Praça”. Considerando que elas atraem um considerável público e se apropriam das praças, parques e largos da cidade, engendrando um processo de mercantilização que utiliza, especialmente, as táticas (DE CERTEAU, 1988) e sentidos da “economia criativa” e do empreendedorismo, buscou-se compreender a possibilidade dessas ações estarem estabelecendo uma racionalidade neoliberal sobre os espaços públicos, reconfigurando as relações sociais e intersubjetividades (DARDOT; LAVAL, 2016). Para isso, executou-se (i) pesquisa bibliográfica – com a construção de modelo de análise –, (ii) observações diretas e participantes, (iii) geração de dados em meios digitais com auxílio de técnicas de WebScraping (FERNANDES, 2017) e, por fim, a (iv) análise qualitativa com o software Atlas.ti. Os resultados indicam que essa racionalidade permeia não apenas mercados e empresas, mas também as práticas individuais e os usos urbanos. Verifica-se uma predominância desses eventos em bairros de classe média/alta, com curadorias que alinham produtos e atrações aos consumidores “desejados”, funcionando também como incubadoras de novos empreendimentos. De maneira que as feiras transformam os espaços em lócus de empreendedorismo e mercantilização, reconstruindo interações sociais e convertendo cidadãos em consumidores e empreendedores. As empresas, por seu turno, veem um potencial econômico, aderindo à lógica proposta. As práticas empreendidas tendem a excluir a heterogeneidade do público e são marcadas pela mercadorização da cidade, refletindo uma lógica neoliberal que influencia a organização social e econômica do meio urbano.