LOUCURA, CONTROLE E GÊNERO: COMPREENSÃO DA DOMINAÇÃO MASCULINA COMO UM BIOPODER NO DIREITO DAS FAMÍLIAS
DOI:
https://doi.org/10.9771/rf.13.1%20e%202.62648Keywords:
Madness, Biopolitics, Control, Equity, Gender, Family LawAbstract
Por meio de uma breve análise histórica da loucura e do papel das mulheres, bem como da relação entre estas duas figuras, o artigo propõe evidenciar como os biopoderes, enunciados por Michel Foucault no século XX, exercem seus controles de forma especificamente violenta sobre os corpos femininos. Ao analisar a influência dos biopoderes, sob o recorte específico de gênero, em uma perspectiva da loucura enquanto (mais um) estereótipo feminino e a psiquiatria utilizada como instrumento de controle do corpo, verifica-se que o silenciamento feminino é naturalizado e normatizado historicamente, bem como internalizado no Direito. No âmbito das relações familiares, há um espaço importante para combater estereótipos de gênero que influenciam na tomada das decisões judiciais. Há um longo e tortuoso caminho a ser percorrido para que ocorram as mudanças culturais necessárias para a promoção da equidade de gênero.
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