REPENSANDO O FAZER TECNOLÓGICO: A CONSTRUÇÃO DE UMA REDE COMUNITÁRIA FEMINISTA NO QUILOMBO RIBEIRÃO GRANDE/TERRA SECA

Authors

DOI:

https://doi.org/10.9771/rf.13.1%20e%202.63009

Keywords:

redes comunitárias, quilombos, feminismos, branquitude, tecnologia

Abstract

Entre 2019 e 2022, através da articulação de mulheres ativistas em tecnologias autônomas, um grupo de agricultoras quilombolas e a Sempreviva Organização Feminista, com apoio editorial e financeiro da Rede de Pesquisa em Internet Feminista (FIRN), da Association for Progressive Communications (APC), foi realizado o projeto de pesquisa-ação da rede comunitária no quilombo de Ribeirão Grande/Terra Seca, que segue ativa provendo internet para 15 famílias. Neste artigo, refletimos sobre comunicação e tecnologia, desde um olhar feminista, ocupado de pensar como gênero, raça e colonialidade são partes constitutivas do fazer tecnológico e suas implicações na construção e sustentabilidade em redes comunitárias. Alegamos, que mesmo em projetos críticos ao modelo hegemônico se veem refletidas lógicas sexistas e colonialistas. O artigo também reflete sobre quais tensionamentos estas experiências feministas com redes comunitárias em comunidades tradicionais trazem para repensar o fazer tecnológico (alternativo) e o próprio conceito de tecnologia.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biographies

Bruna Zanolli

Pesquisadora, mestre pela Escola de Comunicação da UFRJ. Atualmente é coordenadora de projetos de redes comunitárias e conectividade centrada em comunidades pela organização Rhizomatica no projeto Redes Locais (Locnet), em parceria com a Associação pelo Progresso das Comunicações (APC). É integrante da Rede Transfeminista de Cuidados Digitais.

Bruna Mendes de Vasconcellos, UFABC

Doutora e Mestra em Política Científica e Tecnológica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Possui também Mestrado em Gênero e Política de Igualdade pela Universidade de Valencia (Espanha) e Especialização em Economia Solidária e Tecnologia Social na América Latina (Unicamp). É formada como Engenharia de Alimentos pela Unicamp (2005), e de 2007 a 2013 atuou como pesquisadora-extensionista na Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Unicamp (ITCP/Unicamp). Faz parte da Rede de Engenharia Popular Oswaldo Sevá (REPOS). Atualmente é Professora da Universidade Federal do ABC (Ufabc). Tem experiência na área de Ciência, Tecnologia e Sociedade, com ênfase em Ciência e Tecnologia e Gênero, atuando principalmente nos seguintes temas: relações de gênero, ciência, tecnologia e sociedade, tecnologia social, engenharia engajada e autogestão.

Bianca Pessoa, UFABC

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais da UFABC. Jornalista no portal internacional Capiremov.org e comunicadora feminista na Marcha Mundial das Mulheres. Integra o Núcleo de Estudos de Gênero Esperança Garcia na UFABC pesquisando e atuando no campo da comunicação feminista e popular.

References

AKOTIRENE, C. Interseccionalidade. São Paulo: Pólen, 2019

BHATTACHARJEE, U. Community networks: States, solutions and communities. Publicação online Gender IT.org, 2021. Disponível em: https://genderit.org/feminist-talk/community-networks-states-solutions-and-communities Acesso em 04/10/2021.

BENJAMIN, R. Captivating Technology: Race, Carceral Technoscience, and Liberatory Imagination in Everyday Life. Durham: Duke University Press, 2019.

BENJAMIN, R. "Retomando nosso fôlego: estudos de ciência e tecnologia, teoria racial crítica e imaginação carcerária" em T. Silva (Ed.), Comunidades, algoritmos e ativismos digitais. São Paulo: LiteraRUA, 2020.

BENTO, M. A. S. Pactos narcísicos no racismo: Branquitude e poder nas organizações empresariais e no poder público. Tese de doutorado. Universidade de São Paulo, 2002.

BERTH, Joyce. “A síndrome de Sinhá/Sinhô: fragilidade branca elevada à (pre)potência”. Carta Capital (online), 2019. Disponível em https://www.cartacapital.com.br/justica/a-sindrome-de-sinha-sinho-fragilidade-branca-elevada-a-prepotencia/. Acesso em 04/10/2021.

BELUR, S. B.; BRUDVIG, I. Community networks as infrastructures of resistance: Re-centring the needs of women and communities in technology-making and connectivity. Publicação online Gender IT.org, 2021. Disponível em: https://genderit.org/articles/community-networks-infrastructures-resistance-re-centring-needs-women-and-communities Acesso em 04/10/2021.

CARREIRA, D. O lugar dos sujeitos brancos na luta antirracista. Revista Sur, 28, 2018. Disponível em: https://sur.conectas.org/o-lugar-dos-sujeitos-brancos-na-luta-antirracista.

CARDOSO, L. O Branco-Objeto: O movimento Negro situando a branquitude. Instrumento: Revista Est. Pesq. Educ., 13(1), 81-93, 2011.

CARR, M. Technologies Appropriate for Women: Theory, practice and policy. In R. Dauber & M. Cain (Eds.), Women and Technological Change in Developing Countries. Westview Press, 1981.

CARRASCO, C. La Economía Feminista: Una apuesta por outra economia. In M. J. Vara (Ed.), Estúdios sobre gênero y economia. Madrid: Akal, 2006.

COLLINS, P. H. Se perdeu na tradução? Feminismo negro, interseccionalidade e política emancipatória. Revista Parágrafo, 5(1), 2017. Disponível em: http://revistaseletronicas.fiamfaam.br/index.php/recicofi/article/view/559 . Acesso em: 22/10/2019.

DAVIS, A. Uma Autobiografia. Tradução Heci Regina Candiani. São Paulo, SP Boitempo editorial, 2019.

FEDERICI, S. Calibã e a Bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Elefante, 2017.

FLAX, J. American Dream in Black and White: The Clarence Thomas Hearings. Berkeley: Cornell University Press, 1998.

HARAWAY, D. (1995). Saberes localizados: A questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, 5. Disponível em: http://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/1773.

HIRATA, H. Novas Configurações da Divisão Sexual do Trabalho. Revista Tecnologia e Sociedade - 2a Edição, 2010.

JANCZ, C.; MARQUES, G.; NOBRE, M.; MORENO, R.; MIRANDA, R.; SAORI, S.; FRANCO, V. (2018). Práticas feministas de transformação da economia: Autonomia das mulheres e agroecologia no Vale do Ribeira. São Paulo. SOF.

LABARDINI, A. Infrastructures of resistance: Community networks hacking the global crisis. Publicação online Gender IT.org, 2021. Disponível em: https://genderit.org/editorial/infrastructures-resistance-community-networks-hacking-global-crisis

SCHUMAN, L. V. Entre o "encardido", o "branco" e o "branquíssimo": Raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana. Tese de doutorado. Universidade de São Paulo, 2012.

SCOTT, P; MENEZES, M. (2010). Gênero e Gerações em contextos rurais. Editora Mulheres.

SOF. 2020 Começou com mais um encontro de redes de economia solidária em Barra do Turvo, 2020. Disponível em: https://www.sof.org.br/2020-comecou-com-mais-um-encontro-de-redes-de-comercializacao-solidaria-em-barra-do-turvo.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-ação. Cortez Editora, 1986.

TOUPIN, S; HACHE, A. Feminist autonomous infrastructures. In A. Finlay (Ed.), Global Information Society Watch 2015: Sexual rights and the internet. USA: APC and Hivos, 2015.

VASCONCELLOS, B. M.; DIAS, R. B.; FRAGA, L. S. Tecendo conexões entre feminismo e alternativas sociotécnicas. Scientiae Studia, 15, 97-119, 2017.

WACJMAN, J. Technofeminism. Cambridge: Polity Press, 2004.

ZANOLLI, B. Sharing human and internet bandwidth of a community network in the middle of a pandemic. Publicação online GenderIT.org, 2021. Disponível em: https://genderit.org/feminist-talk/sharing-human-and-internet-bandwidth-community-network-middle-pandemic. Acesso em 25/03/24.

ZANOLLI, B.; PRADO, D. Encounters, coffees and conflicts: Reflections from action-research on a feminist autonomous network. Publicação online GenderIT.org, 2021. Disponível em: https://firn.genderit.org/research/encounters-coffees-and-conflicts-reflections-action-research-feminist-autonomous-network. Acesso em 25/03/24.

ZANOLLI, B; El KHOURY, C. Our routes: Women's node - An illustrated journey of women in community networks. Publicação online Gender IT.org, 2019. Disponível em: https://genderit.org/feminist-talk/our-routes-womens-node-illustrated-journey-women-community-networks. Acesso em 25/03/24.

ZANOLLI, B. Reflections on Sustainability from a Quilombola Women Led Community Networks. In Belli, L. & Hadzic, S. Editors. Official Outcome of the UN IGF Dynamic Coalition on Community Connectivity: “Community Networks: Towards Sustainable Funding Models”, FGV Direito Rio, 2021. Disponível em: https://repositorio.fgv.br/server/api/core/bitstreams/0596cba6-02b7-40fe-92a5-6b459177b6fd/content. Acesso em 25/03/24.

Published

2025-08-13

How to Cite

ZANOLLI, B. .; MENDES DE VASCONCELLOS, B.; PESSOA, B. REPENSANDO O FAZER TECNOLÓGICO: A CONSTRUÇÃO DE UMA REDE COMUNITÁRIA FEMINISTA NO QUILOMBO RIBEIRÃO GRANDE/TERRA SECA. Revista Feminismos, [S. l.], v. 13, 2025. DOI: 10.9771/rf.13.1 e 2.63009. Disponível em: https://revbaianaenferm.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/63009. Acesso em: 28 nov. 2025.

Issue

Section

DOSSIÊ; Gênero e feminismos em comunidades tradicionais e racializadas