O PROTAGONISMO FEMININO RURAL EM UMA COMUNIDADE DO RECÔNCAVO DA BAHIA
DOI:
https://doi.org/10.9771/rf.13.1%20e%202.61761Palavras-chave:
Agricultoras Familiares; Interseccionalidade; Patriarcado; Organização associativa; Políticas Públicas.Resumo
As agricultoras familiares desempenham importante papel na força de trabalho nos espaços rurais, apesar das desvantagens que enfrentam devido à lógica patriarcal que impera nas relações sociais no campo. Nesta perspectiva, este artigo objetivou compreender o processo vivenciado pelas agricultoras familiares associadas de uma comunidade rural do Recôncavo para romper com as desvantagens enfrentadas pela sua condição de gênero. Buscou-se, também, visibilizar o protagonismo das mulheres rurais e contribuir com a formação das agricultoras para que possam inserir seus produtos nos mercados, em condições mais competitivas no que tange aos cuidados nutricionais. O método de pesquisa adotado foi o estudo de caso, que constitui estratégia para investigação de acontecimentos contemporâneos, para isto, foram realizadas duas oficinas de forma presencial com as agricultoras familiares de uma associação localizada em uma comunidade rural no Recôncavo da Bahia. As narrativas das mulheres elucidam a relevância da inserção das agricultoras em empreendimentos associativos, e, particularmente, em grupos de mulheres no enfrentamento das desigualdades de gênero, na valorização e reconhecimento do trabalho feminino. Por meio da participação associativa e do acesso às políticas públicas, em alguma medida, alcançaram autonomia econômica e entenderam as lógicas que estratificam os papéis de homens e mulheres, sobretudo da mulher negra, para que lutem pelo protagonismo feminino rural no cotidiano da comunidade e na esfera doméstica.
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