Os erros do “erro de Heidegger”
salvar o ser-si-mesmo através do não-outro
DOI:
https://doi.org/10.9771/geo.v0i1.67058Palavras-chave:
Fenomenologia, Geografia Humanista, Topolítica, Heidegger, Racismo EpistêmicoResumo
Inscrevo uma crítica à Geografia Humanista informada por ideias filosóficas de Martin Heidegger. Partindo do diálogo direto com um dos representantes deste modo de fazer Geografia, busco implicações topolíticas mais gerais ao campo da produção científica de atmosfera fenomenológica, questionando certos usos de ideias irrefletidas eticamente e a errância do pensamento absolutizada carente de contexto epistêmico. Metodologicamente, faço uma montação do “caso Heidegger”, dialogando com o artigo de Eduardo Marandola Júnior, fazendo emergir quatro condições de enfrentamento: 1. Binarismos essencialistas; 2. Variação tautológica; 3. Encobrimento da diversidade teórico-ética; 4. Negação da violência simbólica. Proponho ensaiar um salto dessas condições que arriscam alguma reinvenção propositiva da Geografia Humanista à Brasileira, começando por uma desobediência fenomenológica frente à sombra heideggeriana.
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