NARRATIVAS MATERNAS NOS RETRATOS FEMININOS E AFRO-BRASILEIROS DE CHICA DA SILVA
Palavras-chave:
Chica da Silva; Maternidade negra; Literatura afro-brasileira; Escrita feminina.Resumo
Este artigo investiga as representações da maternidade e do corpo da figura histórica de Francisca da Silva de Oliveira, conhecida como Chica da Silva, em obras de autoria feminina e afro-brasileira. Com base em produções literárias afro-brasileiras, como Chica da Silva – A Mulher que Inventou o Mar (2001), de Lia Vieira, e Chica da Silva – Romance de uma Vida (2016), de Joyce Ribeiro, além da obra historiográfica Chica da Silva e o Contratador de Diamantes: O Outro Lado do Mito (2003), de Júnia Furtado, o estudo destaca a desconstrução de narrativas tradicionais que reduziram Chica a estereótipos erotizados e desumanizadores. A análise revela que essas obras reconstroem Chica da Silva como uma mulher complexa, atenta à maternidade e engajada em ressignificar seu papel na elite mineira do século XVIII, rompendo com os limites do racismo e da misoginia.
A abordagem destaca a centralidade da maternidade na construção de sua identidade e evidencia como a literatura negro-feminina e a historiografia crítica ampliam os horizontes das narrativas afrodescendentes, promovendo uma visão plural e humanizadora da mulher negra no Brasil colonial.
Downloads
Referências
ALVES, Miriam. BrasilAfro Autorrevelado: Literatura Brasileira Contemporânea. (Coleção Repensando África, Volume 7), Belo Horizonte: Nandyala, 2010.
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. 12. ed. Coleção: Linguagem e Cultura. Vol. 3. Editora Hucitec, 2006.
CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. 9. ed. — Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.
DIAS, Rafaela Kelsen. Maternidade e segregação em Conceição Evaristo. Revista Fórum Identidades. Itabaiana: Gepiadde, v. 20, jan./abr., p. 105-121, 2016.
DUARTE, Eduardo Assis. “Mulheres Marcadas: literatura, gênero, etnicidade”. In:DUARTE, E.A; DUARTE, C.L; ALEXANDRE, M.M.(orgs). Falas do outro: literatura gênero, etnicidade.Belo Horizonte: Nandyala; NEIA; 2010.p.24-37
EVARISTO, C. Gênero e Etnia: uma escre(vivência) de dupla face. In Mulheres no Mundo: Etnia, Marginalidade e Diáspora. João Pessoa: UFPB, Idéia/Editora Universitária, 2005.
FURTADO, Júnia . Pesquisa contesta mito de Chica da Silva. Universidade Federal de Minas Gerais. Disponível em: https://ufmg.br/comunicacao/publicacoes/boletim/edicao/1207/pesquisa-contesta-mito-de-chica-da-silva-1. Acesso em 18 de nov. de 2024
FURTADO, Júnia Ferreira. A História do Vale do Jequitinhonha. Cadernos Do Leste, v. 8, n. 8, 2008.
FURTADO, Júnia Ferreira. Chica da Silva e o contratador de diamantes: o outro lado do mito. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
GONZALES, Lélia. Lugar de negro. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1982.
HALL, Stuart. Cultura e Representação. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio: Apicuri, 2016.
RIBEIRO, Joyce. Chica da Silva – Romance de uma vida. São Paulo: Planeta, 2016.
SANTOS, João Felício dos. Xica da Silva. 3. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2007.
SANTOS, Joaquim Felício dos. Memórias do districto diamantino da comarca do Sêrro Frio, Província de Minas Geraes, 1868.
SCHMIDT, Rita Terezinha. Mulher e literatura: histórias de percurso. In: CAVALCANTI, Ildney et al. Da mulher às mulheres: dialogando sobre literatura, gênero e identidades. Maceió: UFAL, 2006.
SILVA, Ana Rita Santiago da. Literatura de autoria feminina negra: (des) silenciamentos e ressignificações. Fólio – Revista de Letras. Vitória da Conquista-BA, UESB, v.2, n.1, jan/jun/2010
Silva, F. C. da. Maternidade negra em Um defeito de cor: a representação literária como disrupção do nacionalismo. Estudos De Literatura Brasileira Contemporânea, (54), 245–275, 2018.
TELES, Lanna Moura Sá; ADI, Ashjan Sadique. Hipersexualização das mulheres negras: aspectos sócio-históricos e a influência da mídia. AVEF, 2020.
VIEIRA, Lia. Chica da Silva – a mulher que inventou o mar. Rio de Janeiro: OR
Produtor Editorial Independente, 2001.
SOUZA, Neuza Santos. Tornar-se negro ou as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social. LeBooks.com.br., 2019.
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Trad.: Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa, André Pereira Feitosa. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
WOOLF, Virgínia. Mulheres e ficção. São Paulo: Penguin e Companhia das Letras, 2019.