Morenos e mercados, cholitas e sambódromos
ritualizando a ascensão boliviana em São Paulo
DOI:
https://doi.org/10.9771/lj.v4i0.70766Palavras-chave:
São Paulo, festa, bolivianos, mobilidades, ascensão socioeconômicaResumo
Em cerca de dez anos, as festas folclóricas bolivianas em São Paulo mudaram significativamente de patamar – objetiva e simbolicamente. Antes realizadas em espaços reduzidos e protagonizadas por um pequeno grupo de fraternidades, agora elas irrompem por avenidas, praças e grandes estruturas públicas e privadas da cidade, como o Sambódromo do Anhembi, demandando mais recursos econômicos e, em paralelo, atores capazes de mobilizar e organizar o movimento de outras pessoas, mercadorias, narrativas, imagens e instrumentos de ação política. Neste ensaio, que acompanha um conjunto de fotografias dessas festividades produzidas entre 2019 e 2024, argumento que essa expansão da festa boliviana na metrópole é reflexo da ascensão socioeconômica de muitos bolivianos dentro da dinâmica produtiva paulistana. Os contextos festivos funcionam, então, como reinvestimentos da mesma espécie feitos por quem ascendeu. Isso acontece porque, na Bolívia andina, a festa é um acontecimento social próprio, em que o sentido é mais de ritualizar o social do que “celebrar”.