Fio a fio: redes intelectuais de Gabriela Mistral no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.9771/rhufba.v12i1.70242Abstract
A estada de Gabriela Mistral no Brasil (1940-1945) é um período pouco explorado na crítica literária. Durante esse tempo, a escritora chilena atuou como Cônsul do Chile em Petrópolis, formando redes intelectuais com escritores brasileiros. Mistral, inserida no contexto latino-americano, utilizou essas redes para promover seu projeto de integração continental, com ênfase na tradução e circulação literária. Este estudo parte do conceito de redes intelectuais proposto por Devés Valdés (2007) e da crítica literária feminista, ou ginocrítica, de Elaine Showalter (1977) para refletir sobre a invisibilização das mulheres na tradição intelectual latino-americana, a partir da análise de ensaios e cartas de Mistral. Esses documentos revelam as dinâmicas patriarcais que permeavam o campo literário da época, tanto no Brasil quanto na América Latina, permitindo compreender as estratégias adotadas por Mistral para se aproximar de figuras literárias brasileiras proeminentes. O estudo destaca o papel da autora na construção de laços intelectuais e culturais entre os países da região e ilustra como as relações de gênero influenciaram sua inserção e atuação nos sistemas literários brasileiro e hispano-americano.