"A moeda será de César quando for de César"

(Re)visitando o debate sobre os feminismos no Brasil entre o século XIX e primeira metade do século XX

Résumé

O objetivo deste texto é revisitar o debate sobre os feminismos no Brasil entre o século XIX e primeira metade do século XX evidenciando dissonâncias e aproximações nas estratégias de atuação política de feministas vinculadas principalmente a Federação Brasileira para o Progresso Feminino (FBPF), a revista Brasil Feminino (BF), e feministas das classes populares, algumas, inclusive, de orientação comunista. A intenção é verificar a ação dessas mulheres, evidenciando a posição da poetisa Adelaide de Castro Alves Guimarães, que utilizou de uma postura sutil para colaborar ativamente com a BF desde o seu primeiro número, em 1932. Esse periódico nasceu com uma face liberal, mas preservando o esqueleto do pensamento conservador ao se posicionar por um “feminismo racional”. A hipótese sustentada neste texto é de que Adelaide pode ser considerada uma “feminista silenciosa” que transitou, sem embaraço, entre as feministas conservadoras e liberais da chamada “primeira onda” que disputavam uma liderança nacional feminista. Como conclusão, o texto aponta a importância desse debate para a compreensão das disputas atuais em torno do termo “feminismo” e enfatiza a urgência da união de forças contra retrocessos que insistem em comprometer o próprio exercício democrático no tempo presente.