A INÉRCIA AFETIVA DE MULHERES COM DIPLOMA DE ENSINO SUPERIOR: excesso de trabalho, trajetórias afetivas não realizadas e prejuízos emocionais

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.9771/ccrh.v37i0.61542

Palabras clave:

Amor, Trabalho, Carreira, Trajetória não realizada, Prejuízos emocionais

Resumen

Os estudos sobre o amor têm crescido ao longo dos anos, evidenciando a centralidade que o tema tem ganhado na sociedade contemporânea. Nessa agenda de estudos, um tema pouco estudado é a ausência ou privação do amor. Neste artigo, buscamos objetivar a privação do amor a partir de um grupo de mulheres solteiras heterossexuais na faixa dos 40 anos e com diploma de ensino superior. Nossa estratégia metodológica foi a imersão virtual a partir de um curso sobre relacionamento e a reconstrução da trajetória de duas mulheres. Os dados indicam que essas mulheres fazem parte de uma geração que investiu na carreira e, por isso, tiveram uma ruptura na trajetória afetiva quando transgrediram uma das principais regras do campo do amor: o casamento. Além disso, o excesso de trabalho ajudaria a isolar essas mulheres afetivamente, que passam a ter prejuízos emocionais em decorrência da privação afetiva.

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Biografía del autor/a

Maria Chaves Jardim, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

Professora Livre Docente em Sociologia Econômica do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS/Unesp). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) - Nível 1D. Líder do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Emoções, Sociedade, Poder, Organização e Mercado (Nespom). Tem experiência em pesquisa na área de sociologia do trabalho, sociologia política, sociologia da cultura, sociologia das emoções e sociologia econômica. Suas mais recentes publicações são: Sociologia do Amor: a construção do amor como tema de estudo nas Ciências Sociais, pela Revista Brasileira de Sociologia, em 2024; Intimidade e mercado no Instagram: trabalho relacional como estratégia de denegação do econômico, pela revista Sociologia e Antropologia, em 2024; O Estado e a produção de convenções sociais acerca do mercado de armas de fogo no Brasil, pela revista Tempo Social, em 2024. O projeto de capitalização da Previdência Social no governo Bolsonaro: o mercado como estratégia de aposentadoria, pela revista Sociedade e Estado, em 2023.

Thaís Caetano de Souza, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

Doutoranda em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-graduação da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara. Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Integra o Núcleo de Estudo e Pesquisa sobre Emoções, Sociedade, Poder, Organização e Mercado (Nespom). Trabalha com temas relacionados à intimidade, construção social dos mercados e neopentecostalismo. Sua mais recente publicação é: Sociologia do Amor: a construção do amor como tema de estudo nas Ciências Sociais, pela Revista Brasileira de Sociologia, em 2024.

 

CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA:

Maria Chaves Jardim – Conceitualização. Curadoria de dados. Aquisição de financiamento. Análise formal. Supervisão. Investigação. Metodologia, Escrita – esboço inicial, revisão e edição.

Thaís Caetano de Souza – Visualização. Escrita – revisão e edição

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Publicado

2024-12-29

Cómo citar

Chaves Jardim, M., & Caetano de Souza, T. (2024). A INÉRCIA AFETIVA DE MULHERES COM DIPLOMA DE ENSINO SUPERIOR: excesso de trabalho, trajetórias afetivas não realizadas e prejuízos emocionais. Caderno CRH, 37, e024038. https://doi.org/10.9771/ccrh.v37i0.61542

Número

Sección

Dossiê 4