RACISMO E MEMÓRIA LINGUÍSTICA NO ENSINO SUPERIOR

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/ell.v0i78.55332

Palavras-chave:

Racismo; Letramento; Poder; Escrita; Ensino superior.

Resumo

Este trabalho apresenta uma análise de textos de 25 estudantes negras de ensino superior. Busca-se nela interpretar a conexão entre os discursos a respeito de sua própria educação formal e desafios sintáticos e textuais para a compreensão leitora e a produção textual, identificáveis na análise, que as enunciadoras encaram de forma mais intensa e expressiva em decorrência dos sistemas de exclusão do racismo estrutural no Brasil. Esses sistemas buscam impedi-las de que possam tornar nitidamente apreensíveis as forças ilocucionárias dos enunciados que lêem e escrevem de modo a delimitar com precisão compreensões responsivas possíveis e atos perlocucionários intencionados. Os resultados apontam para a conveniência de pedagogias de memória linguística que abranjam a reflexão em torno de como polícias discursivas esperam e exigem que a sintaxe e a textualidade se manifestem na modalidade escrita, particularmente, porém não exclusivamente, nos gêneros da esfera acadêmica.

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Publicado

2024-09-28

Como Citar

MAROTO GUEROLA, C.; SANTOS ABADE, M. . RACISMO E MEMÓRIA LINGUÍSTICA NO ENSINO SUPERIOR. Estudos Linguísticos e Literários, Salvador, n. 78, p. 354–380, 2024. DOI: 10.9771/ell.v0i78.55332. Disponível em: https://revbaianaenferm.ufba.br/index.php/estudos/article/view/55332. Acesso em: 5 out. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Linguagem e Racismo