PRETUGUÊS

MANDINGAS LINGUÍSTICAS EM “QUERO VER DENDÊ”, DE MESTRE BOA VOZ

Autores

Palavras-chave:

Capoeira; Pretuguês; Crioulização; Mestre Boa Voz.

Resumo

Este artigo almeja elucidar e discutir as estratégias linguísticas utilizadas na transmissão de saberes da tradição oral afro-brasileira presentificadas nas canções de capoeira. Para tanto, como pesquisa de caráter qualitativo, destacadamente composta por revisão bibliográfica, tomamos de corpus a oralitura “Quero ver dendê”, composta pelo Mestre Boa Voz. Desse modo, colaboramos nos desdobramentos do conceito de pretuguês (González, 1988) ao discutirmos o apagamento perpetuado pelo racismo a partir do genocídio (Nascimento, 1978), do epistemicídio (Carneiro, 2005) e do linguicídio (Nascimento, 2023). Ao pautarmos o tácito papel da linguagem como basilar estratégia nas dinâmicas de (re)organização do movimento negro organizado, como é a capoeira, acentuamos a necessidade de pensamos dispositivos culturais como instrumentos linguísticos do pretuguês.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BOA VOZ. Quero ver dendê. Abadá Capoeira. YouTube - DK Records: Mestre Boa Voz V.III, 2019. Disponível em: . Acesso em 26 de maio de 2023.

CALVET, Louis-Jean. Tradição oral & tradição escrita. Trad. Waldemar Ferreira Netto, Maressa de Freitas Vieira. São Paulo: Parábola Editorial, 2011.

CAPOEIRA NEWS. Falecimento do Mestre Boa Voz. Blog. Publicado em 19 de março de 2023. Disponível em: . Acesso em: 30 de abril de 2023.

PESSOA DE CASTRO, Yeda. Camões com dendê: o português do Brasil e os falares afro-brasileiros. Rio de Janeiro, RJ: Topbook, 2022.

CERQUEIRA. F. de O. O pretuguês como comunidade de prática: concordância nominal e identidade racial. Traços de Linguagem, v. 4, n. 1, p. 75-88, 2020b.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Trad. Renato da Silveira. Salvador: EDUFBA, 2008.

FIORIN, José Luiz. Linguagem e Ideologia. 3.ed. São Paulo: Editora Ática, 1993.

FIORIN, José Luiz; PETTER, Margarida (orgs). África no Brasil: a formação da língua portuguesa. 1. ed. 2. reimpressão. São Paulo: Contexto, 2009.

GILROY, Paul. O atlântico negro. 2. ed. Editora 34, 2012.

GOMES, Nilma Lino. O movimento Negro Educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.

GONZÁLEZ, Lélia. A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, n. 92/93, p. 69-82, jan./jun. 1988.

GLOSBE, dicionário internacional. Dicionário online do iorubá para o português. Disponível em: . Acesso em: 26 de maio de 2023.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva, Guaracira Lopes Louro. 11. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

HAMPÂTÉ BÁ. A tradição viva. In: A história geral da África. V.I. SP, Ática, UNESCO, 1982.

HOLM, John. As introduction to pidgins and creoles. Cambridge Textbooks In Linguistics, 2004. p. 1-12.

LUCCHESI, D., BAXTER, A. O português afro-brasileiro. Salvador: EDUFBA, 2009.

MARTINS, Leda Maria. Afrografias da memória: o reinado do Rosário no Jatobá. São Paulo: Perspectiva, 1977.

MARTINS, Suellen Thomaz de Aquino; MODESTO, Rogério. Língua(gem), colonialidade e racialização: uma reflexão discursiva. In: NASCIMENTO, Gabriel (org.). Fotografias de linguística aplicada: ensino crítico de línguas para o século XXI – Uma homenagem à professora Maria D’Ajuda Alomba Ribeiro. São Paulo: Pimenta Cultural, 2023.

MATIAS, Ana Raquel; PINTO, Paulo Feytor. Pretoguês/pretuguês – breves notas sobre o papel do racismo na construção histórica de um não-lugar de fala. Caderno Micar Ebook, novembro de 2020. Disponível em: . Acesso em: 02 de setembro de 2022.

MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia. Ensaios para uma Sócio-história do Português Brasileiro. 1. Ed. Parábola Editorial, 2004.

MENEZES DE SOUZA, Lynn Mário.; NASCIMENTO, Gabriel. Questioning epistemic racism in issues of language studies in Brazil: The case of Pretuguês versus popular Brazilian Portuguese. In: ANTIA, Bassey E.; MAKONI, Sinfree. Southernizing Sociolinguistics: Colonialism, Racism, and Patriarchy in Language in the Global South. 1ST Edition, New York, 2022.

MIRANDA, Eduardo Oliveira. Corpo-território & educação decolonial: proposições afro-brasileiras na invenção da docência. Salvador: EDUFBA, 2020.

MODESTO, Rogério. Os discursos racializados. Revista da Abralin, v. 20, n. 2, p. 1-19, 2021. Disponível em: <https://doi.org/10.25189/rabralin.v20i2.1851>.

MUFWENE, Salikoko S.. Creoles and pidgins: Why the latter are not the ancestors of the former. In: Adamou Evangelia; Matras Yaron (orgs). The Routledge handbook of language contact. London/New York: Routledge, 2020, p. 300-324.

MUNIZ, Kassandra. Linguagem como mandinga: população negra e periférica reinventando epistemologias. In: Cultura política nas periferias: estratégias de reexistência / organização: Ana Lucia Silva Souza. – São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2021.

NASCIMENTO, Abdias. O Genocídio do negro brasileiro: Processo de um racismo mascarado. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1978.

NASCIMENTO, Gabriel. Entre o lócus de enunciação e o lugar de fala: marcar o não-marcado e trazer o corpo de volta na linguagem. Trabalhos de Linguística Aplicada, n. 60, v. 1, p. 58-68, 2021.

NASCIMENTO, Gabriel; WINDLE, Joel. The Unmarked Whiteness of Brazilian Linguistics: From Black-as-Theme to Black-as-Life. Journal of Linguistic Anthropology, v. 31, Issue 2, p. 283–286, 2021. DOI: 10.1111/jola.12321.

NASCIMENTO, Gabriel dos Santos. A linguagem como zona do não-ser na vida de pessoas negras no sul global. Gragoatá, v. 28, n. 60, e-53299, 2023. Disponível em: <https://doi.org/10.22409/gragoata.v28i60.53299.pt>. Acesso em março de 2023.

PETTER, Margarida. Introdução à Linguística Africana. São Paulo: Contexto, 2015.

SANTANA, Tiganá. Ensaio inclinado ao tambor. Revista Claves, vol. 9 n. 14, 2020.

ROCHA, Nilcley Santos. A capoeira em Serrinha-Bahia: localização e afirmação dos sujeitos negros. Trabalho de conclusão de curso. Curso de história. Universidade do Estado da Bahia: campus de Serrinha. 2022.

SOUZA, Ana Lúcia Silva. Letramentos de reexistência: poesia, grafite, música, dança: HIP-HO. São Paulo: Parábola Editorial, 2011.

XAVIER, Antonio Nolberto de Oliveira. Comunicação e cultura em movimento: estudos de textos não verbais. São Paulo: Intermeios, 2016.

YABETA, Daniela. Um pouco de história: mandinga. Boletim Territórios Negros, v. 7, n. 30, 2007. Disponível em: . Acesso em: 26 de maio de 2023.

Downloads

Publicado

2024-09-28

Como Citar

OLIVEIRA, S. da S. S. PRETUGUÊS : MANDINGAS LINGUÍSTICAS EM “QUERO VER DENDÊ”, DE MESTRE BOA VOZ. Estudos Linguísticos e Literários, Salvador, n. 78, p. 489–517, 2024. Disponível em: https://revbaianaenferm.ufba.br/index.php/estudos/article/view/55648. Acesso em: 5 out. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Linguagem e Racismo