VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E ENSINO
Palavras-chave:
Variação linguística, língua Portuguesa, EnsinoResumo
Ensinar sobre a heterogeneidade linguística é um dos grandes desafios dos professores em sala de aula. A imposição pelo ensino da gramática normativa como única variante aceitável, o pensamento de que a língua é um sistema homogêneo e imutável e a crença de que só existe uma forma correta de falar levam muitos profissionais de ensino a não considerarem e não reconhecerem os processos que as variações linguísticas perpassam desde tempos remotos, ou seja, que existem formas distintas de expressar o mesmo significado a depender do contexto e do tempo, seja na escola, com a família ou entre amigos. Nesse sentido, tendo como aportes teórico-metodológicos Bagno (2007; 2011), Bortoni-Ricardo (2005), Cardoso (2010), Coelho (2015), dentre outros, este artigo tem como objetivo refletir sobre as opiniões de especialistas/pesquisadores sobre a importância do ensino da variação linguística, um tema pouco discutido na sala de aula da educação básica, tecendo comentários sobre o que leva alguns profissionais a não abordarem a diversidade linguística em sala de aula, identificando e desconstruindo crenças e comportamentos linguísticos pejorativos, essencial para evitar a reprodução do preconceito linguístico dentro e fora da escola. Em vez disso, é preciso promover entre os alunos reflexões e pensamentos críticos que estimulem o respeito às diferenças linguísticas. Esse processo contribui não apenas para o desenvolvimento de uma educação inclusiva, mas também para a construção de um ambiente escolar que valorize a diversidade e favoreça a socialização de conhecimentos, fortalecendo as relações interpessoais e a compreensão das múltiplas realidades culturais e linguísticas que compõem a sociedade.
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