A INSUBMISSÃO DA MULHER NEGRA DIANTE O SISTEMA PATRIARCAL E HETERONORMATIVO NO CONTO "ISALTINA CAMPO BELO", DE CONCEIÇÃO EVARISTO

Autori

Parole chiave:

Gênero, Patriarcado, Heterossexualidade Compulsória, Feminismo Negro

Abstract

A presente pesquisa tem como corpus de análise o conto “Isaltina Campo Belo”. O conto é uma das histórias que está presente na obra de Insubmissas lágrimas de mulheres de Conceição Evaristo. Para auxiliar no estudo de gênero cita-se Butler (2020), que faz um estudo dos problemas de gênero causados pela influência social e tem como uma das sequelas a heterossexualidade compulsória. Lerner (2019), que em sua obra pesquisa a criação histórica do patriarcado e as consequências desse sistema sobre as mulheres. Hall (2011) faz um estudo de identidade que tem como suporte analisar a crise identitária da personagem protagonista. hooks (2020), Gonzalez (2020) e Lorde (2011) enriquecem a pesquisa com os estudos de luta e desafios das mulheres negras nos âmbitos sociais e no feminismo. A protagonista de Evaristo perpassa por dilemas de aceitação do gênero e sexualidade diante a sua realidade como uma mulher negra. Contudo, a Isaltina Campo Belo se torna insubmissa a opressão da social heteronormativa. Sendo assim, segundo Rich (1993), a “heterossexualidade compulsória” refere-se à ideia de que a heterossexualidade não é apenas uma orientação sexual entre muitas, mas a única orientação aceitável na sociedade patriarcal. A autora argumenta que por diversas instituições sociais, culturais, religiosas e políticas que promovem e mantêm a heterossexualidade como padrão normativo. A busca da heroína do conto em entender sua existência como mulher lésbica demonstra como a sociedade padrão silencia a existência de mulheres lésbicas. A história revela a angústia causada pelo apagamento social das mulheres negras que se descobrem lésbicas. Dessa forma, o presente estudo investiga como os problemas sociais estão envolta da personagem Campo Belo interferem em seu processo de identidade, aceitação e o reconhecimento de si mesma diante o enfrentamento do sistema patriarcado que por sua vez oprime com mais veemência as mulheres negas, e que como sintoma desse sistema, a personagem protagonista atravessa a heterossexualidade compulsória diante os dilemas de sua sexualidade.

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Biografie autore

Frederico Loiola Viana, UNEB - Universidade do Estado da Bahia

Mestre em Letras (2023) pelo programa de Pós-graduação em Letras, na linha de pesquisa Estudos Literários na Universidade do Estado da Bahia - DEDC - Campus X . Possui graduação em Letras - Língua Inglesa e suas Literaturas pela Universidade do Estado da Bahia (2018) e Especialização em Docência do Ensino Superior (2020) e em História e Cultura Afro-brasileira (2021) pela UNIASSELVI.  Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Línguas Estrangeiras Modernas e suas Literaturas, atuando principalmente nos seguintes temas: Identidade do Sujeito, voz autoral e identidade do autor. Tem como objeto de estudo a voz autoral e seus efeitos na construção identitária do autor.

Isa Rocha Bonfim, UNEB - Universidade do Estado da Bahia

Mestra em Letras (2023) pelo programa de Pós-graduação em Letras, na linha de pesquisa Estudos Literários na Universidade do Estado da Bahia - DEDC - Campus X. Graduada em licenciatura em Letras, Língua Inglesa e Literaturas na Universidade do Estado da Bahia - UNEB Campus X (2014 - 2018). 

Riferimenti bibliografici

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Pubblicato

2025-04-30

Come citare

Loiola Viana, F., & Rocha Bonfim, I. . (2025). A INSUBMISSÃO DA MULHER NEGRA DIANTE O SISTEMA PATRIARCAL E HETERONORMATIVO NO CONTO "ISALTINA CAMPO BELO", DE CONCEIÇÃO EVARISTO. Inventário, (35), 181–195. Recuperato da https://revbaianaenferm.ufba.br/index.php/inventario/article/view/62919

Fascicolo

Sezione

Artigos