MÃETERNIDADE NAS OBRAS A COR DA TERNURA, DE GENI MARIANO GUIMARÃES, E PONCIÁ VICÊNCIO, DE CONCEIÇÃO EVARISTO
Palavras-chave:
mãeternidade; personagens negras; Conceição Evaristo; Geni Mariano GuimarãesResumo
Neste artigo, trabalhamos, por meio de um estudo comparatista, o modo como a maternidade é metaforizada nas obras A cor da ternura (1989), de Geni Mariano Guimarães, e Ponciá Vicêncio (2003), de Conceição Evaristo. Sendo assim, estabelecemos uma discussão sobre como as personagens principais, Geni e Ponciá, são perpassadas pela relação com suas mães, mas também pelo patriarcalismo. O foco será dado aos legados de Ponciá e Geni, bem como aos legados por elas recolhidos para a sustentação de seus seres, no cotidiano e nas relações intersubjetivas com suas mães, que constroem uma maternidade intimamente ligada à sua vivência enquanto mulheres negras. Portanto, as relações nos romances nos levaram a entender que a maternidade das mulheres negras atravessa a noção comum de tempo, assim, tece-se a mãeternidade, através do cuidado e dos ensinamentos ancestrais passados às filhas. O exame das narrativas está amparado nos estudos pós-coloniais, decoloniais, feministas negras e críticos literários, como Duarte (2009 e 2020), Kilomba (2019), Gonzalez (2020) Foucault (2013) Halbwachs (1990) e Deniz (2024).
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