Playing dead: on part-time transvestism, digital semblance and drag feminism
DOI:
https://doi.org/10.9771/peri.v1i5.17190Abstract
Este ensaio explora o potencial das tecnologias digitais em permitir que homens supostamente gays façam contato (sexual, fantasmático, amoroso) com homens ditos heterossexuais através do travestismo. Esse fenômeno expõe uma brecha na lógica heterossexual, na qual o objeto é revelado como um semblante, como dizia Lacan, não como uma materialidade finita e genitalizada. O ensaio desenvolve o conceito de "trans", então, não como uma categoria de identidade circunscrevida na qual há um processo de transição com um destino final, mas como uma tecnologia de gozo pela qual pode-se transitar de uma posição a outra, sem compromissos ontológicos. “Trans” aparece aqui como uma prática, um sintoma e uma estratégia de sobrevivência que simultaneamente tira proveito da condição ilusória do objeto como coisa e o expõe como uma miragem. A ascensão e ubiquidade das plataformas digitais como veículo de expressão sexual e de gênero têm permitido com que o termo "trans" seja apropriado como uma ferramenta de tomada de prazer que contorna certos regulamentos sociais atrelados ao corpo carnal e a suposta estabilidade de gênero, sexualidade, práticas eróticas e os objetos prescritos às elas. No que homens presumivelmente homossexuais postam anúncios sexuais como travestis e se vestem como tais estritamente na esfera privada para fins sexuais, tecnologizando o homem heterossexual como uma espécie de aparelho autentificante, esses últimos se vêm eles sim, ou também, transitando além dos limites das identidades sexuais convencionais. Quais são as consequências dessas transições para a velha lógica da diferença sexual? O contato entre esse novo homem gay (não mais homem e não mais gay) com esse novo homem hetero (reduzido a uma efígie, ou vibrador, como diria Preciado) se dá dentro das brechas inerentes à identidade, ao gênero e ao objeto, revelando tais categorias como insuficientes e fictícias perante ao real do gozo. O ensaio entrelaça a teoria queer, a psicanálise e relatos autobiográficos/auto-etnografia para investigar essas porosidades, ou buracos, que o digital torna visível e disponível, estabelecendo o papel fundamental que uma teoria psicanalítica queer ocupa na compreensão das novas práticas sexuais.
Downloads
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
Authors retain copyright and grant the journal the right of first publication, with the work simultaneously licensed under a Creative Commons Attribution Noncommercial License that allows the work to be shared with acknowledgment of authorship and initial publication in this journal, but prohibits commercial use.
Authors are authorized to enter into separate additional contracts for non-exclusive distribution of the version of the work published in this journal (e.g., publishing in an institutional repository or as a book chapter), with acknowledgment of authorship and initial publication in this journal.
Authors are permitted and encouraged to publish and distribute their work online (e.g., in institutional repositories or on their personal website) at any point before or during the editorial process, as this can generate productive changes and increase the impact and citation of the published work (see The Effect of Open Access).