WALMARTIZAÇÃO À BRASILEIRA: o regime do “custo baixo todo dia” nos supermercados
DOI:
https://doi.org/10.9771/ccrh.v38i0.50946Palavras-chave:
Walmartização, Trabalho em supermercados, Regime de trabalho, Gestão do trabalhoResumo
No início do século, o gigante varejista Walmart foi considerado por estudiosos o símbolo de novas relações de poder no capitalismo que estariam levando à uma “corrida para o fundo do poço” no rebaixamento das condições de trabalho em âmbito global. O artigo discute as políticas desenvolvidas no Brasil nas lojas de supermercado da empresa à luz da ideologia corporativa, das tecnologias utilizadas e das práticas de gestão forjadas nos Estados Unidos, país de origem da companhia. Fundamentada em pesquisa de campo, a investigação evidencia como, apesar das resistências e adaptações, a articulação de novos e velhos mecanismos de controle da força de trabalho tem contribuído fortemente para reforçar os processos de flexibilização e precarização do trabalho nos supermercados brasileiros.
Downloads
Referências
ABÍLIO, L. C. Uberizacao: A era do trabalhador just-in-time? Estudos Avancados, [s.l.], v. 34, n. 98, p. 111–126, 2020.
ABÍLIO, L. C. Empreendedorismo, autogerenciamento subordinado ou viração? Uberização e o trabalhador justin- time na periferia. Contemporânea - revista de sociologia da UFSCar, [s.l.], v. 11, n. 3, p. 933–955, 2021.
ADAM, T. J. Making the New Shop Floor: Wal-Mart, Labor Control, and the History of the Postwar Discount Retail Industry in America. In: LICHTENSTEIN, N. (ed.). Walmart: the face of twenty-first-century capitalism. New York: The New Press, 2006. p. 213–229.
AKTOUF, O. O simbolismo e a cultura da empresa: dos abusos conceituais às lições empíricas. In: CHANLAT, F.; TORRES, O. L. (ed.). O indivíduo na organização: dimensões esquecidas. São Paulo: Atlas, 1996.
ANTUNES, R. A nova morfologia do trabalho e suas principais tendências: informalidade, infoproletariado, (i)materialidade e valor. In: ANTUNES, R (org.). Riqueza e Miséria do Trabalho no Brazil II. São Paulo: Boitempo, 2013. p. 13–27.
BARET, C.; LEHNDORFF, S.; SPARKS, L. Flexible Working in Food Retailing. [s.l: s.n.].
BASSO, P. O Walmartismo no trabalho no início do século XXI. Margem Esquerda, [s.l.], v. 18, 2012.
BASSO, P. Tempos Modernos, jornadas antigas: vidas de trabalho no início do século XXI. Campinas: Editora da Unicamp, 2018.
BONACICH, E.; WILSON, J. B. Getting the Goods: ports, labour and the Logistics Revolution. New York: Cornell University Press, 2008.
BOZKURT, Ö.; GRUGULIS, I. Why retail work demands a closer look. In: BOZKURT, Ö.; GRUGULIS, I. Retail work. Basingstoke: Palgrave Macmillan, 2011. p. 1–21.
BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-Lei no 5.442, de 01.mai.1943., Brasília: Ministério do Trabalho, 1943.
BRIDI, M. A. DA C. Ação coletiva e comissões de trabalhadores em plantas flexíveis: o espaço da política. [s.l.]: Universidade Federal do Paraná, 2008.
BURAWOY, M. Manufacturing Consent: Changes in the Labor Process under Monopoly Capitalism. Chicago: Chicago Press, 1979.
CARRÉ, F. F.; TILLY, C. The surprisingly changeable Wal-Mart around the world. In: CARRÉ, F. F.; TILLY, C. Where Bad Jobs Are Better: Retail Jobs across Countries and Companies. New York: Russel Sage, 2017. p. 172–193.
DE STEFANO, V. The rise of the «just-in-time workforce»: On-demand work, crowdwork and labour protection in the «gig-economy» The rise of the " just-in-time workforce " : On-demand work, crowdwork and labour protection in the " gig- economy ". Conditions of Work and Employment Series, [s.l.], n. 71, p. 43, 2016.
DRUCK, G. Trabalho , precarização e resistências: novos e velhos desafios? TRABALHO, PRECARIZAÇÃO E RESISTÊNCIAS: novos e velhos desafios?, [s.l.], v. 24, n. 01, p. 37–57, 2011.
DRUCK, G. A precarização social do trabalho no Brasil: alguns indicadores. In: ANTUNES, R (org.). Riqueza e Miséria do Trabalho no Brasil II. São Paulo: Boitempo, 2013. p. 55-73.
DUNNETT, J.; ARNOLD, S. J. Falling Prices, Happy Faces: Organizational Culture at Wal-Mart. In: BRUNN, S. (org.). Wal-mart World. New York: Routledge, 2006. p. 79–90.
GAULEJAC, V. DE. Gestão como doença social: ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. São Paulo: Ideias & letras, 2007.
GEREFFI, G. The Organization of Buyer-Driven Global Commodity Chains: How U.S. Retailers Shape Overseas Production Networks. In: GEREFFI, G.; KORZENIEWICZ, M. (ed.). Commodity chains and global capitalism. Westport: Greenwood Press, 1994. p. 95–122.
GEREFFI, G.; CHRISTIAN, M. The Impacts of Wal-Mart: The Rise and Consequences of the World’s Dominant Retailer. Annual Review of Sociology, [s.l.], v. 35, n. 1, p. 573–591, 2009.
GRUGULIS, I.; BOZKURT, Ö.; CLEGG, J. “No place to hide”? The realities of leadership in UK supermarkets. Retail work. Palgrave: Houndsmill, [s.l.], n. 91, 2011.
HEAD, S. Mindless: Why Smarter Machines Are Making Dumber Humans. New York: Basic Books, 2014.
HUWS, U. A formação do cibertariado: trabalho virtual em um mundo real. Campinas: Editora da Unicamp, 2017.
JONAS, A. E. G. Local Labour Control Regimes: Uneven Development and the Social Regulation of Production. Regional Studies, [s.l.], v. 30, n. 4, p. 323–338, 1996.
LEMOS, P. R. “Custo baixo todo dia”: Redes Globais de Produção e regime de trabalho no Walmart Brasil. [s.l.]: Universidade Estadual de Campinas, 2019.
LEMOS, P. R. Walmartização do trabalho: a face cruel das tecnologias utilizadas nos supermercados. In: ANTUNES, R. (ed.). Uberização, trabalho digital e Indústria 4.0. São Paulo: Boitempo Editorial, 2020. p. 259-265.
LICHTENSTEIN, N. Wal-Mart: the face of twenty-firstcentury capitalism. New York: The New Press, 2006.
LICHTENSTEIN, N. The Retail Revolution: How Wal- Mart Created a Brave New World of Business. New York: Metropolitan Books, 2009.
LINHART, D. A desmedida do capital. São Paulo: Boitempo, 2007.
MULHOLLAND, K. In Search of Teamworking in a Major Supermarket: A Fig-Leaf for Flexibility? In: GRUGULIS, I.; BOZKURT, Ö. (ed.). Retail work. Palgrave: Houndsmill. Houndsworth: Palgrave Macmillan, 2011. p. 213–34.
NEWSOME, K. Work and employment in distribution and exchange: moments in the circuit of capital. Industrial Relations Journal, [s.l.], v. 41, n. 3, p. 190–205, maio 2010.
NEWSOME, K.; THOMPSON, P.; COMMANDER, J. “You monitor performance at every hour”: Labour and the management of performance in the supermarket supply chain. New Technology, Work and Employment, [s.l.], v. 28, n. 1, p. 1–15, 2013.
RITZER, G. McDonaldization of Society. Thousand Oaks: Pine Forge Press, 1996.
ROSEN, E. I. The globalization of Wal-Mart. [s.l.]: The Workers Press, 2014.
SCHNEIDER, M. J. The Wal-Mart Annual Meeting: From small-town America to a global corporate culture. Human Organization, [s.l.], v. 57, n. 3, p. 292–299, 1998.
SILVA, M. C. Captura da subjetividade: análise das políticas de gestão do trabalho utilizadas para mobilizar o engajamento dos trabalhadores de uma grande rede de supermercados. [s.l.]: Universidade Federal da Paraíba, 2012.
TURNBULL, S. Corporate Ideology - Meanings and Contradictions for Middle Managers. British Journal of Management, [s.l.], v. 12, n. 3, p. 231–242, 2001.
VERAS DE OLIVEIRA, R. Para discutir os termos da nova informalidade: sobre sua validade enquanto categoria de análise na era da flexibilização. In: OLIVEIRA, R.V; GOMES,D.,TARGINO,I. (org.). Marchas e contramarchas da informalidade do trabalho. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2011. p. 191–228.
WALMART. Código De Ética. [s.l: s.n.]. Disponível em: https://www.minsalud.gov.co/Documentos yPublicaciones/CÓDIGO DE ÉTICA.pdf. Acesso em: 29 abr. 2025.
WRIGLEY, N.; LOWE, M. Retailing, consumption and capital: towards the new retail geography. Essex: Lognman, 1996.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Todo o conteúdo da revista, exceto onde indicado de outra forma, é licenciado sob uma atribuição do tipo Creative Commons BY.
O periódico Caderno CRH on-line é aberto e gratuito.