WALMARTIZAÇÃO À BRASILEIRA: o regime do “custo baixo todo dia” nos supermercados

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/ccrh.v38i0.50946

Palavras-chave:

Walmartização, Trabalho em supermercados, Regime de trabalho, Gestão do trabalho

Resumo

No início do século, o gigante varejista Walmart foi considerado por estudiosos o símbolo de novas relações de poder no capitalismo que estariam levando à uma “corrida para o fundo do poço” no rebaixamento das condições de trabalho em âmbito global. O artigo discute as políticas desenvolvidas no Brasil nas lojas de supermercado da empresa à luz da ideologia corporativa, das tecnologias utilizadas e das práticas de gestão forjadas nos Estados Unidos, país de origem da companhia. Fundamentada em pesquisa de campo, a investigação evidencia como, apesar das resistências e adaptações, a articulação de novos e velhos mecanismos de controle da força de trabalho tem contribuído fortemente para reforçar os processos de flexibilização e precarização do trabalho nos supermercados brasileiros.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Patrícia Rocha Lemos, Universidade de São Paulo

Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Pós Doutoranda no Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP). Pesquisadora Colaboradora junto ao CESIT/Unicamp. Integra o Grupo de Pesquisa Mundo do Trabalho e suas Metamorfoses e o Grupo de Estudos sobre Teoria da Reprodução Social. Desenvolve pesquisas na área de: trabalho nas redes globais de produção, ação coletiva, trabalho migrante e teoria da reprodução social. Sua mais recente publicação foi: LEMOS, P. R.. Trabalho, migração e reprodução social na costura: Trabalhadoras bolivianas em São Paulo. Revista da ABET (online), v. 23, p. 1, 2024.

 

CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA:

Patrícia Rocha Lemos – Conceitualização. Análise Formal. Investigação. Metodologia. Visualização e escrita (esboço original, revisão e edição).

Referências

ABÍLIO, L. C. Uberizacao: A era do trabalhador just-in-time? Estudos Avancados, [s.l.], v. 34, n. 98, p. 111–126, 2020.

ABÍLIO, L. C. Empreendedorismo, autogerenciamento subordinado ou viração? Uberização e o trabalhador justin- time na periferia. Contemporânea - revista de sociologia da UFSCar, [s.l.], v. 11, n. 3, p. 933–955, 2021.

ADAM, T. J. Making the New Shop Floor: Wal-Mart, Labor Control, and the History of the Postwar Discount Retail Industry in America. In: LICHTENSTEIN, N. (ed.). Walmart: the face of twenty-first-century capitalism. New York: The New Press, 2006. p. 213–229.

AKTOUF, O. O simbolismo e a cultura da empresa: dos abusos conceituais às lições empíricas. In: CHANLAT, F.; TORRES, O. L. (ed.). O indivíduo na organização: dimensões esquecidas. São Paulo: Atlas, 1996.

ANTUNES, R. A nova morfologia do trabalho e suas principais tendências: informalidade, infoproletariado, (i)materialidade e valor. In: ANTUNES, R (org.). Riqueza e Miséria do Trabalho no Brazil II. São Paulo: Boitempo, 2013. p. 13–27.

BARET, C.; LEHNDORFF, S.; SPARKS, L. Flexible Working in Food Retailing. [s.l: s.n.].

BASSO, P. O Walmartismo no trabalho no início do século XXI. Margem Esquerda, [s.l.], v. 18, 2012.

BASSO, P. Tempos Modernos, jornadas antigas: vidas de trabalho no início do século XXI. Campinas: Editora da Unicamp, 2018.

BONACICH, E.; WILSON, J. B. Getting the Goods: ports, labour and the Logistics Revolution. New York: Cornell University Press, 2008.

BOZKURT, Ö.; GRUGULIS, I. Why retail work demands a closer look. In: BOZKURT, Ö.; GRUGULIS, I. Retail work. Basingstoke: Palgrave Macmillan, 2011. p. 1–21.

BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-Lei no 5.442, de 01.mai.1943., Brasília: Ministério do Trabalho, 1943.

BRIDI, M. A. DA C. Ação coletiva e comissões de trabalhadores em plantas flexíveis: o espaço da política. [s.l.]: Universidade Federal do Paraná, 2008.

BURAWOY, M. Manufacturing Consent: Changes in the Labor Process under Monopoly Capitalism. Chicago: Chicago Press, 1979.

CARRÉ, F. F.; TILLY, C. The surprisingly changeable Wal-Mart around the world. In: CARRÉ, F. F.; TILLY, C. Where Bad Jobs Are Better: Retail Jobs across Countries and Companies. New York: Russel Sage, 2017. p. 172–193.

DE STEFANO, V. The rise of the «just-in-time workforce»: On-demand work, crowdwork and labour protection in the «gig-economy» The rise of the " just-in-time workforce " : On-demand work, crowdwork and labour protection in the " gig- economy &quot. Conditions of Work and Employment Series, [s.l.], n. 71, p. 43, 2016.

DRUCK, G. Trabalho , precarização e resistências: novos e velhos desafios? TRABALHO, PRECARIZAÇÃO E RESISTÊNCIAS: novos e velhos desafios?, [s.l.], v. 24, n. 01, p. 37–57, 2011.

DRUCK, G. A precarização social do trabalho no Brasil: alguns indicadores. In: ANTUNES, R (org.). Riqueza e Miséria do Trabalho no Brasil II. São Paulo: Boitempo, 2013. p. 55-73.

DUNNETT, J.; ARNOLD, S. J. Falling Prices, Happy Faces: Organizational Culture at Wal-Mart. In: BRUNN, S. (org.). Wal-mart World. New York: Routledge, 2006. p. 79–90.

GAULEJAC, V. DE. Gestão como doença social: ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. São Paulo: Ideias & letras, 2007.

GEREFFI, G. The Organization of Buyer-Driven Global Commodity Chains: How U.S. Retailers Shape Overseas Production Networks. In: GEREFFI, G.; KORZENIEWICZ, M. (ed.). Commodity chains and global capitalism. Westport: Greenwood Press, 1994. p. 95–122.

GEREFFI, G.; CHRISTIAN, M. The Impacts of Wal-Mart: The Rise and Consequences of the World’s Dominant Retailer. Annual Review of Sociology, [s.l.], v. 35, n. 1, p. 573–591, 2009.

GRUGULIS, I.; BOZKURT, Ö.; CLEGG, J. “No place to hide”? The realities of leadership in UK supermarkets. Retail work. Palgrave: Houndsmill, [s.l.], n. 91, 2011.

HEAD, S. Mindless: Why Smarter Machines Are Making Dumber Humans. New York: Basic Books, 2014.

HUWS, U. A formação do cibertariado: trabalho virtual em um mundo real. Campinas: Editora da Unicamp, 2017.

JONAS, A. E. G. Local Labour Control Regimes: Uneven Development and the Social Regulation of Production. Regional Studies, [s.l.], v. 30, n. 4, p. 323–338, 1996.

LEMOS, P. R. “Custo baixo todo dia”: Redes Globais de Produção e regime de trabalho no Walmart Brasil. [s.l.]: Universidade Estadual de Campinas, 2019.

LEMOS, P. R. Walmartização do trabalho: a face cruel das tecnologias utilizadas nos supermercados. In: ANTUNES, R. (ed.). Uberização, trabalho digital e Indústria 4.0. São Paulo: Boitempo Editorial, 2020. p. 259-265.

LICHTENSTEIN, N. Wal-Mart: the face of twenty-firstcentury capitalism. New York: The New Press, 2006.

LICHTENSTEIN, N. The Retail Revolution: How Wal- Mart Created a Brave New World of Business. New York: Metropolitan Books, 2009.

LINHART, D. A desmedida do capital. São Paulo: Boitempo, 2007.

MULHOLLAND, K. In Search of Teamworking in a Major Supermarket: A Fig-Leaf for Flexibility? In: GRUGULIS, I.; BOZKURT, Ö. (ed.). Retail work. Palgrave: Houndsmill. Houndsworth: Palgrave Macmillan, 2011. p. 213–34.

NEWSOME, K. Work and employment in distribution and exchange: moments in the circuit of capital. Industrial Relations Journal, [s.l.], v. 41, n. 3, p. 190–205, maio 2010.

NEWSOME, K.; THOMPSON, P.; COMMANDER, J. “You monitor performance at every hour”: Labour and the management of performance in the supermarket supply chain. New Technology, Work and Employment, [s.l.], v. 28, n. 1, p. 1–15, 2013.

RITZER, G. McDonaldization of Society. Thousand Oaks: Pine Forge Press, 1996.

ROSEN, E. I. The globalization of Wal-Mart. [s.l.]: The Workers Press, 2014.

SCHNEIDER, M. J. The Wal-Mart Annual Meeting: From small-town America to a global corporate culture. Human Organization, [s.l.], v. 57, n. 3, p. 292–299, 1998.

SILVA, M. C. Captura da subjetividade: análise das políticas de gestão do trabalho utilizadas para mobilizar o engajamento dos trabalhadores de uma grande rede de supermercados. [s.l.]: Universidade Federal da Paraíba, 2012.

TURNBULL, S. Corporate Ideology - Meanings and Contradictions for Middle Managers. British Journal of Management, [s.l.], v. 12, n. 3, p. 231–242, 2001.

VERAS DE OLIVEIRA, R. Para discutir os termos da nova informalidade: sobre sua validade enquanto categoria de análise na era da flexibilização. In: OLIVEIRA, R.V; GOMES,D.,TARGINO,I. (org.). Marchas e contramarchas da informalidade do trabalho. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2011. p. 191–228.

WALMART. Código De Ética. [s.l: s.n.]. Disponível em: https://www.minsalud.gov.co/Documentos yPublicaciones/CÓDIGO DE ÉTICA.pdf. Acesso em: 29 abr. 2025.

WRIGLEY, N.; LOWE, M. Retailing, consumption and capital: towards the new retail geography. Essex: Lognman, 1996.

Downloads

Publicado

2025-07-17

Como Citar

Rocha Lemos, P. (2025). WALMARTIZAÇÃO À BRASILEIRA: o regime do “custo baixo todo dia” nos supermercados. Caderno CRH, 38, e025030. https://doi.org/10.9771/ccrh.v38i0.50946