NEOLIBERALISMO, FINITUDE HUMANA E MEDICALIZAÇÃO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/ccrh.v37i0.62639

Palavras-chave:

Neoliberalismo, Ideologia felicista, Finitude humana, Medicalização, Inflação diagnóstica

Resumo

Este artigo pretende acompanhar as correlações entre a percepção histórica da modernidade europeia sobre a finitude humana e as suas consequências para a dinâmica contemporânea da medicalização e da hiperinflação diagnóstica na área da saúde mental. Discutindo os temas da utilização do tempo e dos tempos de trabalho e de ócio em culturas não capitalistas, concluímos que o capitalismo tardio revela contradições intrínsecas relacionadas à hegemonia social da ideologia do felicismo em meio ao desemprego estrutural e trabalhos precarizantes, bem como a identificação de uma epidemia universal de depressão.

 

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Biografia do Autor

Diana Pichinine, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro

Doutora, mestre e bacharel em Filosofia pela Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ). É professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ)/campus Realengo, onde leciona Filosofia e Ciências Humanas para cursos da área da Saúde. Coordena o Laboratório interdisciplinar de Extensão e Pesquisa Social (Lieps/IFRJ) e o Núcleo de Estudos Afro- Brasileiros e Indígenas (Neabi/IFRJ Realengo). Participa dos grupos de pesquisa Estudos Decoloniais Carolina Maria de Jesus (PPGF/UFRJ) e Laboratório Filosofias do Tempo do Agora (Lafita/PPGF/UFRJ). É membro do grupo de trabalho Filosofia e Gênero da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (Anpof). Atualmente pesquisa medicalização da vida cotidiana e trabalho reprodutivo doméstico feminino no capitalismo tardio. Tem experiência na área de filosofia, com ênfase em ontologia fenomenológica, Nietzsche e os temas da convivência e amizade nessas escolas filosóficas. Seu trabalho de maior relevância é Agonística e Dietética no pensamento de Friedrich Nietzsche.

 

CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA:

Diana Pichinine – Conceitualização; Curadoria de dados; Análise formal; Investigação; Metodologia; Administração do projeto; Recursos; Supervisão; Validação; Visualização; Escrita – esboço original; Escrita – revisão e edição.

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Publicado

2024-12-26

Como Citar

Pichinine, D. . (2024). NEOLIBERALISMO, FINITUDE HUMANA E MEDICALIZAÇÃO. Caderno CRH, 37, e024042. https://doi.org/10.9771/ccrh.v37i0.62639

Edição

Seção

Dossiê 4