AS DIRETRIZES DOS RELATÓRIOS DO PNUD E A TERCEIRA VIA EM ANTHONY GIDDENS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9771/ccrh.v37i0.37394

Palavras-chave:

Ação, Agência, Estruturação, Desenvolvimento humano

Resumo

Giddens participou de debates sobre globalização, reflexividade e necessidade de expansão de ações e procedimentos que deveriam ser renovados em razão dos novos contextos de interações advindos das mudanças vivenciadas após a década de 1970. Ele construiu um arcabouço teórico-metodológico que ajuda interpretar as prospecções formuladas pelos RDHs/PNUD/ONU. Num exercício de hermenêutica de mão dupla, constata-se que os elaboradores dos respectivos relatórios recorrem a várias reflexões presentes no debate sociológico atual. Neste artigo, procura-se fazer dois movimentos simultâneos: um busca demonstrar que o conjunto de conhecimento mobilizado por Giddens, acerca do papel do ator (e de sua capacidade social, recursiva e reflexiva) e da agência humana na transmutação das regras, normas, instituições e organizações sociais, encontra-se, de algum modo, refletido nos RDHs; o outro procura demonstrar que as prescrições de ações para alcançar o desenvolvimento humano possuem algumas proximidades com a plataforma política, abraçada por Giddens, denominada Terceira Via.

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Biografia do Autor

Maria José de Rezende, Universidade Estadual de Londrina

Professora de Sociologia da UEL. Doutora em Sociologia pela USP. Membro do Programa de Mestrado e doutorado em Sociologia da UEL.

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Publicado

2024-12-30

Como Citar

José de Rezende, M. (2024). AS DIRETRIZES DOS RELATÓRIOS DO PNUD E A TERCEIRA VIA EM ANTHONY GIDDENS. Caderno CRH, 37, e024046. https://doi.org/10.9771/ccrh.v37i0.37394