O IMPÉRIO SEMPRE ATACA

A HERANÇA COLONIAL DA INGLATERRA DO SÉCULO DEZENOVE EM O RETRATO DE DORIAN GRAY, DE OSCAR WILDE

Autores

Palavras-chave:

Colonialismo, Imperialismo, Inglaterra, O Retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde

Resumo

Em Cultura e Imperialismo, Edward Said (2011) afirma que, no século dezenove, a Inglaterra utilizou o romance como arma imperialista. Para o escritor palestino-estadunidense, o romance inglês de tal século desempenhava, para além de sua verve artística, o papel de instrumento ideológico do colonialismo. Para Said, é possível, inclusive, encontrar vestígios da atuação colonial da Inglaterra em determinadas obras, como Mansfield Park, de Jane Austen, e Robinson Crusoé, de Daniel Dafoe. Alinhando-se as perspectivas de Edward Said (2011), Anne McClintock (2010) e Elaine Showalter (1993), o presente artigo dedicou-se a investigar os traços de uma estrutura colonial na obra O Retrato de Dorian Gray (2022), de Oscar Wilde. A investigação, inclinando-se a elementos estéticos e narrativos, levou-nos a concluir que fatores como o tratamento diferenciado entre as personagens masculinas e femininas, bem como o modo com o qual mazelas sociais da época foram discorridas, demonstram os eflúvios de um pensamento britânico imperialista.

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Biografia do Autor

Manoel Carlos dos Santos Alves

Mestre em Literatura e Cultura (PPGLitCult), graduado em Letras - Inglês, ambas formações pela Universidade Federal da Bahia. Possui experiência como professor de língua inglesa no Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos em Educação das Universidades Públicas Federais no Estado da Bahia (ASSUFBA). Em 2022, foi contemplado com o ABEI/ESP Grant to a Junior Researcher, prêmio cedido pela Associação Brasileira de Estudos Irlandeses. Ministrou, na XII Jornada de Estudos Irlandeses, o curso de extensão "A História do Romance O Romance na História: literatura irlandesa clássica e contemporânea". Para além da aplicação no âmbito acadêmico, possui experiência em tradução de textos literários. Publicou, no ano de 2020, os seguintes contos: Dark Mirror e Nossa Última História de amor. Em 2021, organizou a coletânea Crônicas Soteropolitanas. Gramática do lar (2021) é o seu primeiro romance.

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Publicado

2024-12-28

Como Citar

Alves , M. C. dos S. (2024). O IMPÉRIO SEMPRE ATACA: A HERANÇA COLONIAL DA INGLATERRA DO SÉCULO DEZENOVE EM O RETRATO DE DORIAN GRAY, DE OSCAR WILDE. Inventário, (34), 139–157. Recuperado de https://revbaianaenferm.ufba.br/index.php/inventario/article/view/62564

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Artigos