BABÁ, “A MULHER QUE CRIA O BEBÊ DE OUTRA MULHER”

OS EXEMPLOS DE QUIRINA, DE LIMA BARRETO (1904) E DE MAJU, DE GIOVANA MADALOSSO (2020)

Autores/as

Palabras clave:

Babá; Trabalho Doméstico; Subjetividade

Resumen

Encarregada dos cuidados da primeira infância dentro do espaço doméstico, com peculiar proximidade afetiva com a família empregadora, a babá é um ofício legado da escravidão, quando as mucamas amamentavam e criavam os filhos das sinhazinhas. O termo babá vem do quimbundo, língua da família banta falada em Angola. Significa “ama”, a mulher que cria o bebê de outra. Foi na nebulosa proximidade entre babá e bebê no Brasil que as palavras se misturaram, fortalecendo o pretuguês (González, 2020), e que as narrativas orais contadas por elas criaram conexões entre as culturas africanas, indígenas e portuguesas, como uma estratégia de resistência cultural. Este artigo compara diferenças e permanências na mediação duas babás protagonistas na história literária brasileira, separadas por 116 anos entre a escrita de um texto e outro: Quirina, do conto “Babá”, de Lima Barreto, de 1904; e Maju, protagonista do romance Suíte Tóquio, de Giovana Madalosso, publicado em 2020. 

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Publicado

2025-06-04

Cómo citar

Souza, M. F. de. (2025). BABÁ, “A MULHER QUE CRIA O BEBÊ DE OUTRA MULHER”: OS EXEMPLOS DE QUIRINA, DE LIMA BARRETO (1904) E DE MAJU, DE GIOVANA MADALOSSO (2020). Inventário, (36), 214–224. Recuperado a partir de https://revbaianaenferm.ufba.br/index.php/inventario/article/view/64538