O trabalho em plataformas e a educação: uma pandemia de oportunidades
DOI:
https://doi.org/10.9771/gmed.v17i2.64483Palavras-chave:
Estado, Trabalho, Educação, Tecnologia, PlataformizaçãoResumo
O artigo investiga, sob a perspectiva do materialismo histórico-dialético, a plataformização da educação como expressão da reconfiguração do trabalho no capitalismo contemporâneo, marcada pela atuação de frações da classe burguesa ligadas ao setor tecnológico, processo este intensificado pela pandemia de Covid-19. Com base em revisão teórica e análise crítica, examina o papel das bigtechs, em articulação com Estados e organismos internacionais, na mercantilização do ensino e na precarização do trabalho docente. Conclui que a plataformização intensifica a lógica mercantil da educação e aprofunda a exploração do trabalho docente.
Downloads
Referências
ALPHABET. Investor relations. Google code of conduct. 2017. Disponível em: https://web.archive.org/web/20180421105327/https://abc.xyz/investor/other/google-code-of-conduct.html. Acesso em: 8 mai. 2025.
ANTUNES, R. Trabalho e (des)valor no capitalismo de plataforma: três teses sobre a nova era de desantropomorfização do trabalho. In. R. Antunes, Icebergs à deriva: o trabalho nas plataformas digitais (pp. 13-39). São Paulo: Boitempo.2023
BANCO MUNDIAL. Estratégia 2020 para a Educação do Grupo Banco Mundial. Resumo Executivo. Aprendizagem para todos: investir nos conhecimentos e competências das pessoas para promover o desenvolvimento. Washington, DC: Banco Mundial, 2011.
BANCO MUNDIAL. Pandemia de covid-19: choques na educação e respostas de políticas. Washington, DC: Banco Mundial, 2020.
BARRETO, R. G. Uma análise do discurso hegemônico acerca das tecnologias na educação. Perspectiva, Florianopolis, v. 30, n. 1, p. 41-58, jan./abr. 2012.
BONAIUTI, G.B.F Skinner. Teaching machine and programmed learning. YouTube, 20 dez.2011.Disponível em: https://youtu.be/jTH3ob1IRFo?si=KWDVsnDJlfXBWakf. Acesso em: 20 de set.2024.
BRAGA, L. O Google Workspace for Education (GWE): Capital, trabalho e educação- Plataformização da educação e hegemonia do capital. 152f. 2023. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2023.
BRUSH, K. Learning management system (LMS). TecnTarget, 2019. Disponível em: https://www.techtarget.com/searchcio/definition/learning-management-system. Acesso em: 10 mar. 2023.
CASILLI, A. Da classe virtual aos trabalhadores do clique: a transformação do trabalho em serviço na era das plataformas digitais. Matrizes, São Paulo, v.14, n.1, p.13-21, jan./abr.2020.
CASILLI, A.; POSADA, J. The Platformization of Labor and society. In. M. Graham & W. H. Dutton (eds), Society and the Internet; How Networks of Information and Communication are Changing Our Lives. Oxford, UK: Oxford University Press. 2019.
CHOMSKY, N. Novas e velhas ordens mundiais. São Paulo: Scritta, 1996.
CHOSSUDOVSKY, M. A globalização da pobreza: impactos das reformas do FMI e do Banco Mundial. São Paulo: Moderna, 1999.
COHN, Gabriel (org.). Introdução. In: WEBER. Col. Grandes Cientistas Sociais n. 13. São Paulo: Ática, 1979. p. 7-34.
COMITÊ GESTOR DA INTERNET BRASIL. Educação em um cenário de plataformização e de economia dos dados: problemas e conceitos. São Paulo, SP: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2022.
DOORN, N. Trabalho em plataformas é trabalho de minorias. In: GROHMAN, R. (Org.). Os laboratórios do trabalho digital: entrevistas. São Paulo: Boitempo, 2021. p.57-60.
DREIFUSS, R. A. 1964 a conquista do Estado: Ação política, poder e golpe de classe. Petrópolis: Ed. Vozes, 1987.
DWYER, T.et al. Desvendando mitos: os computadores e o desempenho no sistema escolar. Educação e Sociedade, Campinas, v. 28, n. 101, p. 1303-1328, dez. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302007000400003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 29 out. 2014.
EUA. Office of educacional technology. Reimagining the role of technology in education: 2017 nacional education technology plan update. U. S. Department of education, 2017. Disponível em: https://tech.ed.gov/files/2017/01/NETP17.pdf. Acesso em: 18 ago. 2021.
FERREIRA, B. P. Tecnologias da informação e comunicação na educação: avanço no processo de humanização ou fenômeno de alienação? Germinal: Marxismo e Educação em Debate, v. 7, n. 1, p. 89-99, 2015.
FONTES, V. O Brasil e o capital imperialismo: teoria e história. Rio de Janeiro: EPSJV/ Editora UFRJ, 2010.
GOOGLE FOR EDUCACION. Chromebooks. Google for Education. São Paulo, 2021. Disponível em: https://services.google.com/fh/files/misc/chromebooks.pdf. Acesso em: 5 set. 2021.
GRAMSCI, Antônio. Cadernos do cárcere: Maquiavel-notas sobre o Estado e a política. 9.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019. v. 3.
GRAMSCI, Antônio. Cadernos do cárcere: Introdução ao estudo da filosofia. A filosofia de Benedetto Croce. 13.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2020. v.1.
GROHMANN, R. Plataformização do trabalho: características e alternativas. In: NOGUEIRA, A. M. et al. Uberização, trabalho digital e indústria 4.0. São Paulo: Boitempo, 2020. p. 13-23.
HARVEY, D. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobra as origens da mudança cultural. 26 ed. São Paulo: Loyola, 2016.
HEYNEMAN, S. The history and problems in the making of education policy at the world bank, 1960-2000. International Journal of Educational Development, n. 23, p. 315-337, 2003.
JESSOP, B. On academic capitalism. Critical Policy Studies, v. 12, n. 1, p.104-109. 2018. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/19460171.2017.1403342.
LEA, M.; NICOLL, K. Distributed learning social and cultural approaches to practice. Londres: Falmer Press, 2002.
LEHER, R. Um novo senhor da educação? A política educacional do banco mundial para a periferia do capitalismo. Revista Outubro, n. 3, p. 19-30, fev. 1999.
LEHER, R. Plataformas e sistemas de ensino: novas fronteiras da mercantilização da educação no Brasil, Bolsa de Produtividade CNPq, Processo: 310058/2021-0, 2021.
LEHER, R. Mercantilização da educação, precarização do trabalho docente e o sentido histórico da pandemia Covid-19. Revista De Políticas Públicas, n. 26, edição Especial, p. 78-102, 2022.
LEMOS, R. Dataficação da vida. Civitas: Revista de Ciências Sociais, Porto Alegre, v. 21, n. 2, p. 193-202, 2021.
KOSIK, K. Dialética do concreto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.
MACHADO, S.; ZANONI, A. P. (Orgs). O trabalho controlado por plataformas digitais: dimensões, perfis e direitos. Curitiba: UFPR; Clínica Direito do Trabalho, 2022. p. 31- 126. Disponível em:https://www.academia.edu/77961852/Dimens%C3%B5es_do_trabalho_por_plataformas_digitais_no_Brasil. Acesso em: 10 jan. 2022.
MANZANO, M; KREIN, A. Dimensões do trabalho por plataformas digitais no Brasil. In: MACHADO, S.; ZANONI, A. P. (Orgs). O trabalho controlado por plataformas digitais: dimensões, perfis e direitos. Curitiba: UFPR; Clínica Direito do Trabalho, 2022. p. 31- 126. Disponível em:https://www.academia.edu/77961852/Dimens%C3%B5es_do_trabalho_por_plataformas_digitais_no_Brasil. Acesso em: 10 jan. 2022.
MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã - crítica da mais recente filosofia Alemã em seus representantes Feuerbach, B. Bauer e Stiner, e do socialismo alemão em seus diferentes profetas. São Paulo: Boitempo, 2007.
MARX, K. Grundrisse: manuscritos econômicos de 1857-1858 - esboços da crítica à economia política. São Paulo: Boitempo; Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2011.
MARX, K. O capital. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2017. v. 1.
MAYER-SCHOEBERGER, V.; CUKIER, K. Big Data: a revolution that will transforme how we live, work and think. John Murray, 2013.
MEDEIROS, M. F.; MEDEIROS, A. M. Educação e tecnologia: explorando o universo das plataformas digitais e startups na área da educação. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 5, 2018. Anais... Recife, PE: Centro de Convenções de Pernambuco, 2018.
MEDINA, C. , PARRA, A. No rastro da plataformização digital: Mapeando o processo de algoritmização empresarial a partir da crítica à economia política. No prelo. 2024.
MILLAND, K. Trabalhando na Amazon Machanical Turk: entrevisa com Kristy Milland (Entrevista concedida a Digilabour). Digilabour Laboratório de Pesquisa, 6 jun. 2021. Disponível em:https://digilabour.com.br/trabalhando-na-amazon-mechanical-turk-entrevista-com-kristy-milland/. Acesso em: 2 maio 2022.
MOTTA, V. C. Da ideologia do capital humano à ideologia do capital social: as políticas de desenvolvimento do milênio e os novos mecanismos hegemônicos de educar para o conformismo. 307 f. 2007. Tese (Doutorado em Serviço Social) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.
OIT. Organização Internacional do Trabalho. As plataformas digitais e o futuro do trabalho: Promover o trabalho digno no mundo digital. Bureau Internacional do Trabalho. Genebra, BIT, 2020.
PEREIRA, M. M. O Banco Mundial como ator político, intelectual e financeiro: 1944- 2008. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
PINTO, Álvaro Vieira. O conceito de tecnologia. Rio de Janeiro: Contraponto,2005.
PREVITALI, F.; FAGIANI, C. Trabalho digital e educação no Brasil. In: ANTUNES, R. (Org) Uberização, trabalho digital e indústria 4.0. São Paulo: Boitempo, 2020. p.217-235.
PRONKO, M. O Banco Mundial no campo internacional da educação. In: PEREIRA, J. M. M.; PRONKO, M. (Org.). A demolição de direitos: um exame das políticas do Banco Mundial para a educação e a saúde (1980-2013). Rio de Janeiro: EPSJV, 2015. p. 89-112.
PURSER, R. Mcmindfullness: retórica empreendedora, ideologia do Vale do Silício e violência epistêmica. In: GROHMANN, R. (Org). Os laboratórios do trabalho digital: entrevistas. São Paulo: Boitempo, 2021. p.105-108.
RODRIGUES, J. Os empresários e a educação superior. Campinas, SP: Autores Associados, 2007.
SCHUMPETER, J. A. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juro e o ciclo econômico. São Paulo. Nova Cultural, 1997.
SRNICEK, N. Platform capitalism. Cambridge: Polity Press, 2017.
SORIANO, C. Imaginários, aspiraçoes e solidariedade no trabalho digital nas Filipinas In: GROHMANN, R. (Org). Os laboratórios do trabalho digital: entrevistas. São Paulo: Boitempo, 2021. p.73-80.
SANTOS, T. dos. Imperialismo y dependencia. Caracas: Biblioteca Ayacucho, 2011.
SOUZA, A. G. de; EVANGELISTA, O. Pandemia! Janela de oportunidades para o capital educador. Contrapoder [on line], 15 abr. 2020. Disponível em:
https://contrapoder.net/colunas/pandemia-janela-de-oportunidade-para-o-capital-educador/ . Acesso em: 15 nov. 2023.
SKINNER, B. F. Tecnologia do ensino. Tradução de Rodolpho Azzi. São Paulo: Herder Ed. da Universidade de São Paulo, 1972.
UNESCO. Constituição da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, 2002. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000147273. Acesso em: 30 abr. 2021.
UNESCO. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Educação 2030: declaração de Incheon Rumo a uma educação de qualidade inclusiva e equitativa à educação ao longo da vida para todos. Brasília: UNESCO, 2016.
UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Coalizão Global de Educação, 2020. Disponível em: https://pt.unesco.org/covid19/educationresponse/globalcoalition. Acesso em: 8 mai. 2025.
VENCO, S. Uberização do trabalho: um fenômeno de tipo novo entre os docentes de São Paulo, Brasil? Cadernos de Saúde Pública, v. 35, n. 1, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/NkTJp5HZgJQVjhY36kT5rpN/abstract/?lang=pt. Acesso em: 30 jan. 2021.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Germinal: marxismo e educação em debate

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Autoras e autores que publicam na revista Germinal: marxismo e educação em debate concordam com os seguintes termos:
- Mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista;
- Têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista;