Invisibilidade das pessoas trans na formação médica e psicológica brasileira
uma breve revisão
DOI:
https://doi.org/10.9771/peri.v2i21.55159Resumo
A medicalização é compreendida como uma patologização de fatores diversos, que fazem parte das vivências humanas e comumente transitam pelas esferas biológicas e subjetivas. Já a medicamentalização vem no bojo dessa questão, porque as classificações nosológicas acabam por alimentar uma cadeia de discursos que levam ao processo da farmacologização (dos sentimentos, dos modos de ser, das interações e dos corpos). A sexualidade foi uma das áreas que mais sofreu com esse processo e, por décadas, os sujeitos que vivenciavam a “dissidência” nos seus corpos, foram incorporados aos Manuais de Classificações Médicas, que apontavam as suas características na égide dos desvios ou transtornos, fato este que sofreu mudanças tardias. No caso da homossexualidade, somente em 1990, a Organização Mundial de Saúde reconheceu que era necessário retirá-la do Código Internacional de Doenças (CID), já a transexualidade passou pelo mesmo apenas em 2018. Todavia, nem sempre a prática profissional acompanha as normativas ou Resoluções dos Conselhos e, por vezes, estas últimas sequer passam pelas salas de aula dos cursos de graduação. Com o objetivo de conhecer quais discursos são sustentados e como os cuidados às pessoas transexuais têm sido abordados nos cursos de graduação em Medicina e Psicologia no Brasil, foi realizada uma revisão integrativa nas bases BVS, Oasis e Pubmed, resultando em treze artigos, que foram trabalhados com base na análise temática e explicados com base na “literatura raiz”. Concluiu-se que nos cursos que tiveram grande responsabilidade na patologização desses sujeitos, os mais voltados para os campos biológicos são também os mais difíceis de romper com os discursos conservadores, biologicistas, elitistas e cisnormativos. Os discursos fundam, nomeiam e exercem funções de controle, são os discursos que impedem a chegada de determinadas temáticas nos espaços acadêmicos, mas, por outro lado, espera-se que a potência dos discursos das minorias, que ainda ocorre fora das salas de aula, em breve se materialize em uma construção que rompa com os muros e construa pontes, dadas as demandas crescentes daqueles que necessitam de atenção e assistência integral.
Downloads
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Raquel Silva Barretto, Paulo García

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob Licença Creative Commons Attribution Noncommercial que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista, sendo vedado o uso com fins comerciais.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).