EUGENIA, MANIPULAÇÃO GENÉTICA E RECONHECIMENTO DA DIGNIDADE DA VIDA COM DEFICIÊNCIA

Autores

  • Evandro Luan de Mattos Alencar Universidade Federal do Pará. http://orcid.org/0000-0002-7497-1745
  • Pastora do Socorro Teixeira Leal Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.9771/rbda.v18i0.55221

Palavras-chave:

eugenia; neoeugenia; genética; não-discriminação; pessoas com deficiência.

Resumo

O presente trabalho aborda a atual discussão bioética sobre eugenia e neoeugenia presente nas possibilidades de manipulação genética e reprodução humana, bem como aspectos da dignidade e reconhecimento da vida com deficiência nesse cenário de avanço biotecnocientífico. O objetivo geral é analisar a discussão da manipulação genética sob o prisma da eugenia e sua incompatibilidade com uma perspectiva de direitos humanos das pessoas com deficiência. Para tanto, são objetivos específicos descrever os conceitos elementares sobre eugenia e neoeugenia; analisar aspectos da manipulação genética e das práticas seletivas no avanço das tecnologias genéticas e examinar diretrizes jurídicas sobre a proteção e direito de não-discriminação da vida de pessoas com deficiência. Quanto ao método, trata-se de pesquisa qualitativa, com
levantamento bibliográfico e documental.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Evandro Luan de Mattos Alencar, Universidade Federal do Pará.

Mestre em Direito pela Universidade Federal do Pará. Especialista em Direito Público (PUC/MG) e em Educação, Diversidade e Direitos Humanos (UFPA). Graduado em Direito pela Universidade Federal do Pará com período de mobilidade acadêmica na Universidade de Coimbra. Atualmente é Advogado, vice-presidente da Comissão de Proteção aos Direitos das Pessoas com Deficiência da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do Pará. Parecerista da Revista "Cadernos Ibero-Americanos de Direito Sanitário" da Fundação Oswaldo Cruz. Participou da 8ª Edição do Programa de Intercâmbio da Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça e Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República e do XVI Edição do Estágio-Visita na Câmara dos Deputados em Brasília. Possui experiência e interesse em temas do Direito Público com ênfase em Bioética, Direitos Humanos e Direitos das Pessoas com Deficiência.

 

Pastora do Socorro Teixeira Leal, Universidade Federal do Pará

Pós-doutora em Direito na Universidade Carlos III de Madrid. Professora universitária em cursos de graduação e pós-graduação da Universidade Federal do Pará e Universidade da Amazônia. Desembargadora Aposentada do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região - PA/AP.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Meios sem fins: notas sobre a política. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

ALENCAR, Evandro Luan de Mattos. Uma abordagem bioética sobre os direitos reprodutivos. Jundiaí: Paco Editorial, 2022.

ANTENOR, Samuel. Experimento chinês confronta limites entre ética e ciência. IPEA, Brasília, DF, 11 de novembro de 2019. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/cts/pt/central-de-conteudo/artigos/artigos/55-experimento-chines-confronta-limites-entre-etica-e-ciencia. Acesso em: 20 de jul. 2022.

ASCH, Adrienne. Diagnóstico pré-natal e aborto seletivo: Um desafio à prática e às políticas. Physis, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 49–82, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/physis/a/FWfNYpbYsK89HTyJssnwLDP/abstract/?lang=pt. Acesso em: 5 ago. 2022.

BERLINGUER, Giovanni. Bioética cotidiana. Brasília: Editora UnB, 2004.

BLACK, Edwin. Guerra contra os fracos: a eugenia e a campanha dos Estados Unidos para criar uma raça dominante. Tradução de Tuca Magalhães. São Paulo: A Girafa, 2003.

CAMPBELL, Fiona Kumari. Refusing Able(ness): A Preliminary Conversation about Ableism. Media Culture Journal, v. 11, n. 3, 2008. Disponível em: https://journal.media-culture.org.au/index.php/mcjournal/article/view/46. Acesso em: 5 ago. 2022.

CARDOSO, Maria Helena Cabral de Almeida; CASTIEL, Luis David. Saúde Coletiva, nova genética e a eugenia de mercado. Caderno de Saúde Pública, v. 19, n. 2, p. 653–662, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/GyGdD6BWbVjMqHHFHYJF5Lk/abstract/?lang=pt. Acesso em: 5 ago. 2022.

CHAVES, Marianna. Famílias ectogenéticas: os limites jurídicos para utilização de técnicas de reprodução assistida. In: Congresso Brasileiro de Direito de Famílias, 10., Belo Horizonte, 2015. Anais [...]. Belo Horizonte: IBDFAM, 2015. Disponível em: https://ibdfam.org.br/assets/upload/anais/246.pdf. Acesso em: 5 ago. 2022.

COOK, Michael. Buck v Bell, one of the Supreme Court’s worst mistakes. Bioedge, Sydney, 27 fev. 2016. Disponível em: https://bioedge.org/uncategorized/buck-v-bell-one-of-the-supreme-courts-worst-mistakes/. Acesso em: 5 ago. 2022.

ELER, Kalline Carvalho Gonçalves; RAMOS, Kessia Priscila Miranda; OLIVEIRA, Marco Túlio Pires de. Diagnóstico genético pré-implantação (DGPI): uma eugenia mascarada? Revista Iberoamericana de Bioética. n. 9, p. 1–15, 2019. Disponível em: https://revistas.comillas.edu/index.php/bioetica-revista-iberoamericana/article/view/8842. Acesso em: 5 ago. 2022.

FELDHAUS, Charles. Habermas, eugenia liberal e o direito à liberdade reprodutiva. Fragmentos de Cultura: Revista Interdisciplinar de Ciências Humanas, v. 18, n. 4, p. 543–553, 2008. Disponível em: http://seer.pucgoias.edu.br/index.php/fragmentos/article/view/706. Acesso em: 5 ago. 2022.

FRAGA, Ivana de Oliveira; AGUIAR, Mônica Neves. Neoeugenia: o limite entre a manipulação gênica terapêutica ou reprodutiva e as práticas biotecnólogicas seletivas da espécie humana. Revista Bioética, v. 18, n. 1, p. 121–130, 2010. Disponível em: https://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/540. Acesso em: 5 ago. 2022.

FELDHAUS, Charles. Sobre enfrentar a desigualdade genética focando na estrutura básica da sociedade em Rawls? In: CONSANI, Cristina Foroni; MOURA, Julia Sichieri; OLIVEIRA, Nythamar de (org.). Justiça e Libertação: A Tribute to John Rawls. Porto Alegre: Fundação Fênix, 2021, p. 101–120. E-book. Disponível em: https://www.fundarfenix.com.br/ebook/142tributetojohnrawls. Acesso em: 5 ago. 2022.

FONSECA, Pedro Miguel dos Santos Braga da. Gênese e principais precursores da bioética. Revista Pensar, v. 23, n. 4, p. 1–12, 2018. Disponível em: https://periodicos.unifor.br/rpen/article/view/8285. Acesso em: 5 ago. 2022.

FUKUYAMA, Francis. Nosso futuro pós-humano: consequências da revolução biotecnológica. Rio de Janeiro: Rocco, 2003.

GUERRA, Andréa Trevas Maciel. Do holocausto nazista à nova eugenia

no século XXI. Ciência e Cultura, v. 58, n. 1, p. 4–5, 2006. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v58n1/a02v58n1.pdf. Acesso em: 5 ago. 2022.

GIOPPO, Christiane. Eugenia: a higiene como estratégia de segregação. Educar em revista, Curitiba, n. 12, p. 167–180, 1996. Disponível em: https://www.scielo.br/j/er/a/rgvGSgcssyWZnf4zbCnHkSN/?lang=pt. Acesso em: 5 ago. 2022.

GODOI, Alcinda Maria Machado; GARRAFA, Volnei. Leitura bioética do princípio de não discriminação e não estigmatização. Revista Saúde e Sociedade, v. 23, n. 1, p.157–166, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sausoc/a/Mc7WGD5kRDsXjTSH8WNxNWD/?lang=pt. Acesso em: 5 ago. 2022.

HABERMAS, Jürgen. O Futuro da Natureza Humana: A caminho de uma eugenia liberal? Tradução de Karina Jannini. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

LAPA, Fernanda Brandão. Bioética e Biodireito: um estudo sobre a manipulação do genoma humano. 2002. Dissertação (Mestrado em Filosofia, Sociologia e Teoria do Direito) – Centro de Ciências Jurídicas, Programa de Pós-Graduação em Direito, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/82656/190253.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 5 ago. 2022.

MAI, Lilian Denise; ANGERAMI, Emília Luigia Saporiti. Eugenia negativa e eugenia positiva: significados e contradições. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 14, n. 2, p. 251–258, 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rlae/a/q5QybhYZjmM3GyF4zVvxC8t/?lang=pt. Acesso em: 5 ago. 2022.

MEIRELLES, Ana Thereza. Práticas neoeugênicas e limites aos direitos reprodutivos em face da proteção ao patrimônio genético. Direito UNIFACS: Debate Virtual, n. 153, 2013. Disponível em: https://revistas.unifacs.br/index.php/redu/article/view/2482. Acesso em: 5 ago. 2022.

MARQUES, José Oscar de A. Sobre as Regras para o parque humano de Sloterdijk. Natureza humana: Revista Internacional de Filosofia e Práticas Psicoterápicas, v. 4, n. 2, p. 363–381, 2002. Disponível em: https://www.unicamp.br/~jmarques/pesq/Sobre_as_regras_para_o_parque_humano.pdf. Acesso em: 5 ago. 2022.

McCONVILLE, Mike; CHUI, Wing Hong. Research methods for law. Edinburgh: Edinburgh University Press. 2007.

NAVES, Bruno Torquato de Oliveira; GOIATÁ, Sarah Rêgo. Direitos Humanos, patrimônio genético e dados genéticos humanos: crítica à doutrina dos dados genéticos como interesse difuso. Revista de Bioética y Derecho, n. 40, p. 63–81,

Disponível em: https://revistes.ub.edu/index.php/RBD/article/view/19163. Acesso em: 5 ago. 2022.

RAWLS, John. Uma Teoria da Justiça. Tradução de Almiro Pisetta e Lenita M. R. Esteves. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

ROSAS, João Cardoso. Concepções da justiça. Lisboa: Edições 70, 2011. (Coleção O Saber da Filosofia, n. 41)

SALANSKIS, Emmanuel. Sobre o eugenismo e sua justificação maquiaveliana em Nietzsche. Cadernos Nietzsche, n. 32, p. 167–201, 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cniet/a/KHSpyjdPpjKjnFjvdHVLkrz/abstract/?lang=pt. Acesso em: 5 ago. 2022.

SANDEL, Michael. Contra a perfeição: ética na era da engenharia genética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.

SCHRAMM, Fermin Roland. Eugenia, Eugenética e o Espectro do Eugenismo: considerações atuais sobre a Biotecnociência e Bioética. Revista Bioética, Brasília, v. 5, n. 2, 2009. Disponível em: https://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista%20_bioetica/article/view/384. Acesso em: 5 ago. 2022.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2010.

SLOTERDIJK, Peter. Regras para o parque humano: uma resposta à carta de Heidegger sobre o humanismo. São Paulo: Estação Liberdade, 2000.

STEPAN, Nancy Leys. Eugenia no Brasil, 1917-1940. In: HOCHMAN, Gilberto; ARMUS, Diego (org.). Cuidar, controlar, curar: ensaios históricos sobre saúde e doença na América Latina e Caribe. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2004, p. 331–392. E-book. Disponível em: https://static.scielo.org/scielobooks/7bzx4/pdf/hochman-9788575413111.pdf. Acesso em: 5 ago. 2022.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E A CULTURA. Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos. Tradução da Comissão Nacional da Unesco em Portugal. Paris; Lisboa: Unesco, 2006. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000146180_por.locale=en. Acesso em: 5 ago. 2022.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E A CULTURA. Declaração Internacional sobre os Dados Genéticos Humanos. Tradução da Comissão Nacional da Unesco em Portugal. Paris; Lisboa: Unesco, 2004. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000136112_por. Acesso em: 5 ago. 2022.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E A CULTURA. Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos Humanos: da teoria à prática. Brasília, DF: Unesco, 2001. Disponível em:

https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000122990_por. Acesso em: 5 ago. 2022.

VILAÇA, Murilo Mariano; DIAS, Maria Clara Marques. Transumanismo e o futuro (pós-) humano. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 24, n. 2, p. 341–362, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/physis/a/DYHLLVwkzpk6ttN3mkr7Gdw/abstract/?lang=pt. Acesso em: 5 ago. 2022.

VILAÇA, Murilo Mariano; PALMA, Alexandre. A nova genética para além da gestão de riscos e promoção da saúde: prolegômenos ao conceito de Biodesign. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 21, n. 3, p. 813–832, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/physis/a/tFt3BwPGHp4GjkLFRvzsZmb/?lang=pt. Acesso em: 5 ago. 2022.

WEGNER, Robert; SOUZA, Vanderlei Sebastião. Eugenia negativa, psiquiatria e catolicismo. Revista História, Ciência e Saúde-Manguinhos, v. 20, n. 1, p. 263–288, 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/hcsm/a/Hxj4PcSwZGZQzfTRgHpGCbC/?lang=pt. Acesso em: 5 ago. 2022.

WEINERT, Iduna. Direitos genéticos como direitos da personalidade. Revista de Informação Legislativa: v. 42, n. 168, p. 263–276, 2005. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/906. Acesso em: 5 ago. 2022.

Downloads

Publicado

2023-08-01

Como Citar

Alencar, E. L. de M., & do Socorro Teixeira Leal, P. (2023). EUGENIA, MANIPULAÇÃO GENÉTICA E RECONHECIMENTO DA DIGNIDADE DA VIDA COM DEFICIÊNCIA. Revista Brasileira De Direito Animal, 18, f282314. https://doi.org/10.9771/rbda.v18i0.55221

Edição

Seção

Bioética