VIOLÊNCIA CONTRA PESSOAS TRANSEXUAIS E TRAVESTIS
IMPACTOS E REFLEXOS APÓS DECISÕES DO STF QUANTO À HOMOTRANSFOBIA
DOI:
https://doi.org/10.9771/rds.v6i1.65935Palavras-chave:
Direitos de pessoas transexuais e travestis, Direitos fundamentais, Homofobia, LGBTQIA , TransfobiaResumo
O presente artigo tem como objetivo analisar a violência contra a comunidade LGBTQIAPN+ com foco nas pessoas transexuais e travestis, à luz dos direitos fundamentais garantidos pela Constituição Federal de 1988. O estudo busca compreender os impactos dessa violência decorrente da não aplicabilidade desses direitos, considerando o contexto brasileiro, onde o país lidera mundialmente em assassinatos de pessoas transexuais pelo 16º ano consecutivo, segundo a ONG Transgender Europe. Portanto, se busca analisar as repercussões da violência e as decisões recentes do Supremo Tribunal Federal (STF), como a declaração da homotransfobia. A pesquisa utiliza metodologia baseada na análise de decisões judiciais e revisão bibliográfica em bases de dados acadêmicas. Estruturado em três subitens, o artigo aborda: os direitos fundamentais e princípios aplicáveis à comunidade LGBTQIAPN+; os conceitos relacionados à homotransfobia e LGBTfobia; e a criminalização da homotransfobia por meio de ações como o Mandado de Injunção nº 4.733 e a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão nº 26, incluindo um estudo de caso prático em Santa Catarina. As considerações finais destacam avanços jurídicos no reconhecimento dos direitos dessa população, mas reforçam a necessidade de criação de leis específicas e políticas públicas inclusivas para combater a discriminação e a violência.
Downloads
Referências
ALENCAR, I. D. S. de; MIRANDA, S.B. P. de; NETTO, Edson B. de M.. A expansão da autoridade do Supremo Tribunal Federal e a criminalização da homotransfobia: uma análise a partir do julgamento da ADO nº 26 e do Mandado de Injunção nº 4733. Revista Foco, Curitiba, v. 16, n. 1, p. 01-20. 2023. Disponível em: https://ojs.focopublicacoes.com.br/foco/article/view/773. Acesso em: 26 maio 2024.
BENEVIDES, Bruna G. Dossiê: assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras em 2023. Brasília, DF: Distrito Drag; ANTRA, 2024. Disponível em: https://antrabrasil.org/assassinatos/. Acesso em: 29 abr. 2023.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Senado Federal, [2023]. Disponível em: https://normas.leg.br/?urn=urn:lex:br:federal:constituicao:1988-10-05;1988. Acesso em: 15 nov. 2023.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade 4.275/DF. Relator: Marco Aurélio. Diário de Justiça Eletrônico, 01 de março de 2018. Disponível em: https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=749297200. Acesso em: 04 mar. 2024.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direita de Inconstitucionalidade por Omissão nº 26. Relator: Celso de Mello. Diário de Justiça Eletrônico, 13 de junho de 2019. Disponível em: https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4515053. Acesso em: 04 mar. 2024.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal (STF). Direito das pessoas LGBTQIAP+ - Cadernos de Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal: concretizando direitos humanos. Brasília: STF, CNJ, 2022. E-Book. Disponível em: https://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=publicacaoPublicacaoTematica. Acesso em: 15 nov. 2023.
CAPITAL. 4ª Vara Criminal da Comarca da Capital. Ação Penal - Procedimento Ordinário nº 5062604-62.2021.8.24.0023/SC. Relator: Rafael Bruning. Florianópolis, 21 de agosto de 2023. Disponível em: https://eprocwebcon.tjsc.jus.br/consulta1g/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=311680287175266625380921155142&evento=311680287175266625380921171401&key=ae03036588343809be0b71b1422188314f4a73a245411f66c2c883b34cf59830&hash=91a741532f138ce822a481000972952a. Acesso em: 30 abr. 2023.
CUNHA, Olivia Evaristo. Ações Afirmativas: O Princípio Constitucional da Igualdade e as Cotas Raciais. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2017. Disponível em: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/20204. Acesso em: 13 fev. 2024.
DADICO, Claudia Maria. Crimes de ódio: diálogos entre a filosofia política e o direito. 1. Ed. São Paulo: Tirant lo Blanch, 2020.
DIAS, Maria Berenice. Liberdade sexual e direitos humanos. Maria Berenice Dias, 05 ago. 2004. Disponível em: https://berenicedias.com.br/liberdade-sexual-e-direitos-humanos/#_ftn1. Acesso em: 19 fev. 2024.
DIMOULIS, Dimitri; MARTINS, Leonardo. Teoria geral dos direitos fundamentais. 5. ed. rev. São Paulo: Atlas, 2014.
DUTRA, Livia Almeida. Identidades Trans: discussões de gêneo, sexualidade e a (in)viabilização das vivências no Brasil. In: X Jornada Internacional de Políticas Públicas (JOINPP), 2022. Disponível em: https://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2021/images/trabalhos/trabalho_submissaoId_425_425610401e0db535.pdf. Acesso em: 30 abr. 2024.
FACHIN, Edson. Voto do Ministro Edson Fachin, Relator na Ação Direita de Inconstitucionalidade por Omissão nº 26 do STF. Plenário Virtual, 11 de agosto de 2023. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1dEJWcQz8dAjexlr00EOQdCKbiLWU0dmZ/view?usp=sharing. Acesso em: 04 mar. 2024.
FERRARI, Anderson. Revisando o passado e construindo o presente: o movimento gay como espaço educativo. Revista Brasileira de Educação, n. 25, p. 105-115, jan./abr. 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbedu/a/CXtdJcMJFG9RmNXJrDyPBcN/?lang=pt. Acesso em: 30 abr. 2024.
GOMES, Joaquim B. Barbosa. A recepção do instituto da ação afirmativa pelo Direito Constitucional brasileiro. Revista de Informação Legislativa, Brasília, v. 38, n. 151, p. 129-152, jul./set. 2001. Disponível em: http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/705. Acesso em: 13 fev. 2024.
GOMES, Paulo Vítor Souza; BOLWERK, Aloísio. O ativismo judicial e a criminalização da homofobia e transfobia: análise do julgamento da ADO n. 26 e MI 4733/DF. Interfaces Científicas - Direito, Aracaju, v. 9, n. 1, p. 235–250, 2022. Disponível em: https://periodicos.set.edu.br/direito/article/view/11037. Acesso em: 3 maio. 2023.
HATSUMURA, Mitsuko; VIEIRA, Azenaide Abreu Soares. Identidade de gênero e orientação sexual: uma visita à literatura. Anais IX CONEDU. Campina Grande: Realize Editora, 2023. Disponível em: https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/97867. Acesso em: 20 maio 2024.
IOTTI, Paulo. Supremo não legislou nem fez analogia ao considerar homofobia como racismo. [Blog] Migalhas, 19 ago. 2019. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-ago-19/paulo-iotti-stf-nao-legislou-equipararhomofobia-racismo/. Acesso em: 24 maio 2024.
JESUS, Jaqueline Gomes de. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos. Brasília, 2012.
MASSON, Nathalia. Manual de direito constitucional. 8. ed. Salvador: JusPODIVM, 2020.
MINISTÉRIO PÚBLICO DO PARANÁ. Supremo Tribunal Federal decide que ofensas de cunho LGBTIfóbico podem caracterizar injúria racial. MPPR, 23 ago. 2023. CAOP INFORMA. Disponível em: https://site.mppr.mp.br/direito/Noticia/Supremo-Tribunal-Federal-decide-que-ofensas-de-cunho-LGBTIfobico-podem-caracterizar#:~:text=Julgamento%20da%20ADO%2026%20e%20MI%20n%C2%BA%204733&text=Em%20raz%C3%A3o%20disso%2C%20a%20Corte,Congresso%20Nacional%20edite%20norma%20espec%C3%ADfica. Acesso em: 30 abr. 2024.
MIRANDA, Pontes de. Direito de personalidade. Direito de família: direito matrimonial (Existência e validade do casamento). 1. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012 (Coleção tratado de direito privado: parte especial, t. 7).
MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria geral: comentários aos arts. 1º a 5º da Constituição da República Federativa do Brasil: doutrina e jurisprudência. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2023. E-book. Acesso em: 15 nov. 2023.
OLIVEIRA, K. da Silva; BOAS, A. Camatari Vilas A equiparação da homofobia ao crime de racismo no Brasil: análise à Luz do voto do Ministro Celso de Mello. Revista Brasileira de Estudos da Homocultura, [S. l.], v. 7, n. 22, 2024. DOI: 10.29327/2410051.7.22-71. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/rebeh/article/view/17824 . Acesso em: 27 jan. 2025.
PIOVESAN, Flávia. Temas de direitos humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
PINHEIRO, Gabriel. A homotransfobia como racismo foi tema de seminário no MP. Ministério Público do Estado da Bahia, 10 de nov. 2021. Direitos Humanos. Disponível em: https://www.mpba.mp.br/noticia/59739. Acesso em: 17 jul. 2024.
PRINCÍPIOS DE YOGYAKARTA. Princípios sobre a aplicação da legislação internacional de direitos humanos em relação à orientação sexual e identidade de gênero. Trad. de Jones de Freitas. 2007. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/sos/gays/principios_de_yogyakarta.pdf. Acesso em: 29 abr. 2024.
QUINALHA, Renan. Movimento LGBTI+: uma breve história do século XIX aos nossos dias. Belo Horizonte: Autêntica, 2022. E-book (Coleção Ensaios; coordenação Ricardo Musse). Acesso em: 30 abr. 2024.
ROCHA, Fernando Luiz Ximenes. Direitos Fundamentais na Constituição de 88. Themis, Fortaleza, v. 1. n. 2, p. 109-123. 1998. Disponível em: https://revistathemis.tjce.jus.br/THEMIS/article/view/393. Acesso em: 15 nov. 2023.
SANTOS, Nathalia Carolini Mendes dos. Ações afirmativas como forma de combate à discriminação e inclusão de Transexuais. RCI Revista Científica Integrada, v. 4, p. 01-18. 2019. Disponível em: https://www.unaerp.br/documentos/3378-rci-acoes-afirmativas-como-forma-de-combate-a-discriminacao-e-inclusao-de-transexuais-06-2019/file#:~:text=Dessa%20forma%2C%20podemos%20entender%20que,bens%20e%20a%20direitos%20fundamentais. Acesso em: 24 fev. 2024.
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 13. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2018.
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. 4. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 39. ed. São Paulo: Malheiros, 2016.
SILVA, Virgílio Afonso da. Direito Constitucional Brasileiro. 1. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2021.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. STF equipara ofensas contra pessoas LGBTQIAPN+ a crime de injúria racial. STF, 22 ago. 2023. Disponível em: https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=512663&ori=1#:~:text=A%20decis%C3%A3o%20afasta%20interpreta%C3%A7%C3%A3o%20que,sobre%20a%20criminaliza%C3%A7%C3%A3o%20da%20homotransfobia.&text=O%20Plen%C3%A1rio%20do%20Supremo%20Tribunal,ser%20enquadrados%20como%20inj%C3%BAria%20racial. Acesso em: 30 abr. 2024.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. STF decide que escolas devem combater discriminação por gênero ou orientação sexual. Mais Notícias. 2024. Disponível em: https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/stf-decide-que-escolas-devem-combater-discriminacao-por-genero-ou-orientacao-sexual/ Acesso em: 27 jan 2025.
TAVARES, João Pedro Corrêa. A revisão periódica universal e a criminalização da homotransfobia: análise da atuação do poder judiciário e do poder legislativo do Brasil. Revista Foco, Curitiba, v. 15, n. 6, p. 01-21. 2022. Disponível em: https://ojs.focopublicacoes.com.br/foco/article/view/572. Acesso em: 26 maio 2024.
TEISCHMANN, Kamila. História do movimento LGBT no Brasil. Revista Brasileira de Estudos da Homocultura, v. 3, n. 12, p. 220–226, out./dez. 2020. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/rebeh/article/view/11686. Acesso em: 30 abr. 2024.
VARÃO, M. F. O. A proteção do nome como direito da personalidade e a alteração do prenome de pessoas transexuais no RE 670.422/RS e na ADI 4.275. Revista Direito e Sexualidade, Salvador, v. 5, n. 2, p. 42–59, 2024. DOI: 10.9771/rds.v6i2.61582. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/revdirsex/article/view/61582 . Acesso em: 27 jan. 2025.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Autores

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
- A Revista se reserva o direito de efetuar, nos trabalhos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com o intuito de manter o padrão culto da língua, respeitando o estilo dos autores.
- As opiniões emitidas pelos autores são de suas exclusivas responsabilidades.
- Os direitos de licenciamento utilizado pelo periódico é a licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
- Os direitos autorais pertencem exclusivamente aos autores. São permitidos o compartilhamento (cópia e distribuição do material em qualquer meio ou formato) e adaptação (remixar, transformar e readaptar o trabalho original para todos os fins, inclusive comerciais), desde que lhe atribuam o devido crédito pela publicação inicial neste periódico.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online após a publicação, uma vez que isso pode aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).