OPRESSÕES CRUZADAS E O ENCARCERAMENTO DE PESSOAS TRANS NO BRASIL E NOS EUA
A INTERSECCIONALIDADE COMO FERRAMENTA PARA A JUSTIÇA SOCIAL
DOI:
https://doi.org/10.9771/rds.v6i1.66109Keywords:
Direitos Humanos, Identidade de Gênero, Interseccionalidade, Políticas Públicas, Sistema PrisionalAbstract
A presente investigação debruça-se sobre a interseccionalidade como ferramenta teórica e prática para compreender e enfrentar as complexas desigualdades sociais e políticas enfrentadas por pessoas trans, visando a promoção de políticas públicas mais inclusivas e eficazes, especialmente no sistema prisional. Para tanto, o estudo empregou o método hipotético-dedutivo, construindo a análise a partir de uma revisão de literatura sobre interseccionalidade e direitos humanos, complementada por estudos de caso que ilustram experiências de discriminação e resistência, com especial atenção às políticas de identidade de gênero do governo Trump nos EUA. As análises empreendidas revelaram que a proibição de mulheres trans em presídios femininos nos EUA (governo Trump) viola gravemente direitos humanos, comprometendo sua segurança e perpetuando a marginalização. A perspectiva interseccional mostrou-se crucial para identificar como raça, gênero e classe intensificam vulnerabilidades. Observou-se, ainda, que as políticas estadunidenses influenciaram negativamente o cenário global, evidenciando a urgência de resistência transnacional. Em síntese, argumenta-se que a interseccionalidade transcende a esfera analítica, configurando-se como imperativo prático para políticas públicas que promovam justiça social, exigindo reconhecimento e respeito incondicional às identidades de gênero. A pesquisa reitera a fundamentalidade da resistência de organizações de direitos humanos e ativistas para reverter políticas discriminatórias, assegurando dignidade e direitos a todas as pessoas, visando um sistema de justiça equitativo e inclusivo.
Downloads
References
AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade: feminismos plurais. São Paulo: Pólen, 2019. 113 p.
AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION (APA). Guidelines for Psychological Practice with Transgender and Gender Nonconforming People. 2015. Disponível em: www.apa.org
BENEVIDES, Bruna. Associação Nacional de Travestis e Transexuais. Disponível em: https://antrabrasil.org/author/brunabenevides/. Acesso em: 22 jan. 2025.
BUTLER, Judith. Trump está desencadeando o sadismo, mas não podemos deixar que ele nos domine. Instituto Humanitas Unisinos - IHU, 10 fev. 2025. Disponível em: https://www.ihu.unisinos.br/categorias/648407-trump-esta-desencadeando-o-sadismo-mas-nao-podemos-deixar-que-ele-nos-domine-artigo-de-judith-butler.
BUTLER, Judith. Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity. New York: Routledge, 1990.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.
COLLINS, Patricia Hill. Black Feminist Thought: Knowledge, Consciousness, and the Politics of Empowerment. New York: Routledge, 2000.
COLLINS, Patricia Hill, BILGE, Sirma. Interseccionalidade. 1ª ed. -São Paulo: Boitempo, 2020
CRENSHAW, Kimberlé. Demarginalizing the intersection of race and sex: A black feminist critique of antidiscrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. University of Chicago Legal Forum, Chicago, v. 1989, n. 1, p. 139-167, 1989.
FLORES, Joaquin Herrera. Los derechos humanos como produtos culturales. Crítica del humanismo abstracto. Madrid: Catarata, 2005.
GOMES, Nilma Lino. Políticas públicas e igualdade racial. Belo Horizonte: Autêntica, 2018.
GONTIJO, Fabiano. Diversidade Sexual e de Gênero, Geo(necro)política e Alternativas Heterotópicas. Aceno – Revista de Antropologia do Centro-Oeste, v. 8, n. 16, p. 15-40, jan./abr.
GONZALES, Lélia. “Racismo e sexismo na cultura brasileira”. Revista Ciências Sociais Hoje, São Paulo, Anpocs, p. 223-244, 1984. Disponível em https://www.academia.edu/27681600/Racismo_e_Sexismo_na_Cultura_Brasileira_-_L%C3%A9lia_Gonzales.pdf Acesso em 12 jan 2025.
JESUS, Beto de. Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. Disponível em: http://paradasp.org.br/sobre-a-parada-sp/. Acesso em: 22 jan. 2025.
JESUS, Jaqueline Gomes de. Feminismo e Identidade de Gênero: elementos para a construção da teoria transfeminista. In: Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 - Desafios Atuais dos Feminismos, 2013, Florianópolis. Anais do Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 - Desafios Atuais dos Feminismos. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2013.
KOH, Harold Hongju. How Is International Human Rights Law Enforced?. Indiana Law Journal, v. 74, n. 4, p. 1397-1417, 1998.
LAMBDA LEGAL. Transgender Rights. Disponível em: www.lambdalegal.org. Acesso em: 23 jan. 2025.
MAZARO, Juliana Luiza; CAZELATTO, Caio Eduardo Costa. Da promoção da dignidade das travestis por meio do princípio da igualdade e das ações estatais. In: CONGRESSO DO CONPEDI, 25., 2016, Curitiba. Florianópolis: CONPEDI, 2016. p. 139 - 154. Disponível em: https://www.conpedi.org.br/publicacoes/02q8agmu/23fs7c16/hiK0Dcw5UsM4ZCk4.pdf
MOGUL, Joey L.; RITCHIE, Andrea J.; WHITLOCK, Kay. Queer (In)Justice: The Criminalization of LGBT People in the United States. Boston: Beacon Press, 2011.
NATIONAL CENTER FOR TRANSGENDER EQUALITY. LGBTQ People Behind Bars: A Guide to Understanding the Issues Facing Transgender Prisoners. 2018. Disponível em: https://transequality.org/
NIELSSON, Joice Graciele. Direitos humanos, justiça reprodutiva e mortalidade materna no Brasil 20 anos depois da morte de Alyne Pimentel. Rev. Direito e Práxis, Rio de Janeiro, Vol. 16, N. 1, 2025, p. 1-28. ISSN: 2179-8966.
NOGUEIRA, Francisco Jander de Sousa; LEITAO, Elaine Soares de Freitas e SILVA, Emylio César Santos da. Interseccionalidades na experiência de pessoas trans nos serviços de saúde. Rev. Psicol. Saúde [online]. 2021, vol.13, n.3 [citado 2025-02-07], pp.35-50. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2177-093X2021000300004&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 2177-093X. https://doi.org/10.20435/pssa.v13i3.1243.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 10 de dezembro de 1948. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos
PRINCÍPIOS DE YOGYAKARTA. Net. p. 11. Disponível em: https://www.clam.org.br/uploads/conteudo/principios_de_yogyakarta.pdf
RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento, 2017.
RIOS, Flávia; Perez, Olívia; Ricoldi, Arlene (2019). Interseccionalidade nas mobilizações do Brasil contemporâneo. Lutas Sociais, 22(40), 36–51. https://doi.org/10.23925/ls.v22i40.46648
SAKAMOTO, Felipe; CABRAL, Lucas. Transferência para unidade feminina não garante a segurança de mulher trans. Disponível em: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2019/07/09/decisao-do-stf-nao-garante-a-seguranca-de-mulheres-trans-presas.htm. Acesso em: 24 jan. 2025.
MAGNO, Thiago Logan Simas; ALBUQUERQUE, Ricardo Tavares de. A educação sexual à luz do princípio da dignidade da pessoa humana. Revista Direito e Sexualidade, Salvador, v. 4, n. 2, p. 99–120, 2023. DOI: 10.9771/rds.v4i2.55228. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/revdirsex/article/view/55228. Acesso em: 01 fev. 2025.
SPADE, Dean. Normal Life: Administrative Violence, Critical Trans Politics, and the Limits of Law. Durham: Duke University Press, 2015.
STRYKER, Susan. Transgender History. Berkeley: Seal Press, 2008.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2025 Authors

This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.
- This Journal reserves the right to direct normative, spelling and grammatical alterations in original works, with the intention of maintaining the standard worship of the language, respecting the authors' style.
- The exclusive opinions by the authors are their sole responsibility.
- The licensing rights used by the journal are the Creative Commons Attribution 4.0 International License.
- Copyright belongs exclusively to the authors. Sharing (copying and distributing the material in any medium or format) and adaptation (remixing, transforming and re-adapting the original work for all purposes, including commercial) are permitted, provided that due credit is given for the initial publication in this journal.
- Authors are permitted and encouraged to publish and distribute their work online after publication, as this can increase the impact and citation of the published work (See The Effect of Open Access).