A potência política do cuidado

cotidiano da militância feminista e a produção de novos modos de viver na cidade

Autores

  • Luísa Horn de Castro Silveira Universidade Federal do Rio Grande do Sul https://orcid.org/0000-0001-6706-922X
  • Simone Mainieri Paulon Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Juliana Baldasso Siqueira Espaço Brasileiro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre (EBEPPOA)
  • Helena Andrade Ew Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Palavras-chave:

Feminismo, Violência de Gênero, Políticas do Cuidado, Direito à Cidade

Resumo

O artigo acompanha o cotidiano da Casa de Referência Mulheres Mirabal, uma Ocupação que acolhe mulheres em situação de violência, e teve como foco as relações entre as mulheres ocupantes, a Ocupação e a cidade. O objetivo do estudo é apontar possibilidades de agenciar militância e cuidado no contexto da luta feminista e antirracista em situações de violência de gênero. Também são problematizados alguns desafios enfrentados no cuidado sob a ética feminista e seus entrelaçamentos com os modos de vida na cidade. Trata-se de uma pesquisa-intervenção apoiada no método da cartografia, que se dá a partir de um olhar transdisciplinar e decolonial, compondo saberes da Psicologia Social e da Arquitetura e Urbanismo em suas interfaces com outros campos de conhecimento que concorrem para uma leitura da complexidade que o tema da Violência de Gênero evoca. Como resultado, três eixos de análise foram trabalhados: violência de gênero e o direito à cidade, produção de cuidado coletivo entre mulheres e modos de habitar contra-hegemônicos. Considera-se que, nas relações entre si e com a cidade, as mulheres da Casa Mirabal encontram formas de expandir e reinventar modos de existência, afirmando, nos gestos cotidianos, que cuidado e militância são ações inseparáveis.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luísa Horn de Castro Silveira, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Psicóloga (PUCRS, 2011), especialista em Saúde Mental pela Residência Integrada Multiprofissional em Saúde do HCPA (2016) e em Psicologia em Saúde pelo CRP/RS (2016). Tem mestrado em Saúde Coletiva pela UFRGS (2018) e doutorado em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS (2024); em estágio pós-doutoral pela Universidade Federal do Sergipe (2024-5). Entre suas áreas de interesse e experiência incluem-se Saúde Mental Coletiva, Pesquisa Social e Psicologia Hospitalar. Psiquiátrica; Saúde Urbana; Mobilidade Urbana e Subjetividade; Gênero, Raça e Direito à Cidade.

Simone Mainieri Paulon, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Psicóloga (PUCRS), com doutorado em Psicologia Clínica (PUC-SP) e pós-doutorado no PPG de Psicologia UFRN com estágio de professora visitante no Dipartimento di Psicologia, dellAlma Mater Studiorum, Università di Bologna. É professora titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na qual orienta trabalhos de pesquisa e extensão junto ao Departamento de Psicologia Social e Institucional, ao PPG de Psicologia Social, e coordena grupo INTERVIRES Pesquisa-Intervenção em Políticas Públicas, Saúde Mental e Cuidado em Rede. Compõe o Grupo de Trabalho "Políticas de Subjetivação e Invenção do Cotidiano" da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP). Coordena o GT de Saúde Mental da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO). Atua como editora associada da área de saúde mental junto à Revista Interface Comunicação, Saúde e Educação.

Juliana Baldasso Siqueira, Espaço Brasileiro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre (EBEPPOA)

Possui graduação em Psicologia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS 2013/2). Mestre em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS 2021). Tem experiência na área de Psicologia Clínica com ênfase em Psicanálise. Trabalha em consultório particular desde 2014. Membro do Espaço Brasileiro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre (EBEPPOA).

Helena Andrade Ew, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande Do Sul com conhecimentos no Archicad, SketchUp, Autocad e Twinmotion. Conhecimento de operação do Grasshopper. Bolsista ou voluntária de iniciação científica desde 2018, percorrendo por grupos de extensão e pesquisa vinculados a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRGS, com trabalhos desenvolvidos nas temáticas de gênero, territorialidade, produção do comum e identidade. Interessada em projetos que envolvam arte e tecnologias, os espaços, as pessoas e as cidades.

Referências

BERTH, Joice. Se a cidade fosse nossa: racismos, falocentrismos e opressões nas cidades. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2023.

DAVIS, Angela. Y. Women, race & class. Random House, 1981.

ÉNOIS Inteligência Jovem. Instituto Vladimir Herzog. Instituto Patrícia Galvão. #meninapodetudo: como o machismo e a violência contra a mulher afetam a vida das jovens das classes C, D e E? 2015. Disponível em: https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/dados-e-fontes/pesquisa/meninapodetudo-machismo-e-violencia-contra-a-mulher-enois-inteligencia-joveminstituto-vladimir-herzoginstituto-patricia-galvao-2015/. Acesso em: 18 fev. 2023.

FANON, Frantz. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Zahar, 2022.

FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022. São Paulo: FBSP, 2022.

FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024. São Paulo: FBSP, 2024.

GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios, intervenções e diálogos. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.

HANISCH, Carol. The Personal Is Political. Carol Hanisch, 2006. Disponível em: https://webhome.cs.uvic.ca/~mserra/AttachedFiles/PersonalPolitical.pdf

HARKOT, Marina Kohler. A bicicleta e as mulheres: mobilidade ativa, gênero e desigualdades socioterritoriais em São Paulo. 2018. Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil, 2018. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16139/tde-17092018-153511/publico/MEmarinakohlerharkot_rev.pdf?utm_medium=website&utm_source=archdaily.com.br. Acesso em: 10 nov. 2023.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Produto Interno Bruto – PIB, 2021. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/explica/pib.php. Acesso em: 14 mar. 2024.

HOOKS, Bell. Irmãs do inhame: mulheres negras e autorecuperação. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2023.

KASTRUP, Virgínia. O funcionamento da atenção no trabalho do cartógrafo. Psicologia & sociedade, v. 19, p. 15-22, 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/j/psoc/a/8rWQrJSBTg7w8zTV47svGTq/. Acesso em: 11 dez. 2023.

KERN, Leslie. Cidade feminista: a luta por espaço em mundo desenhado por homens. Rio de Janeiro: Oficina Raquel, 2021.

MARX, Vanessa. A Covid-19 na cidade de Porto Alegre (Brasil) e a situação das mulheres na pandemia. In: GOMÀ, Ricard et al. El apoyo mutuo en tiempos de crisis: la solidaridad ciudadana durante la pandemia Covid-19. Cidade Autónoma de Buenos Aires: CLACSO, 2022. Disponível em: https://www.torrossa.com/it/resources/an/5466604. Acesso em: 15 out. 2023.

MUSTAFA, Isis; TOMMASI, Livia de Mulheres e a Luta por Casa de Referência: A experiência do Movimento de Mulheres Olga Benario e o CRM Helenira Preta. ÎANDÉ: Ciências e Humanidades, v. 2, n. 1, p. 27-41, 2018. Disponível em: https://periodicos.ufabc.edu.br/index.php/iande/article/view/43. Acesso em: 17 abr. 2023.

OLIVEIRA, Guacira Cesar de; DORDEVIC, Jelena. Cuidado entre ativistas: tecendo redes para a resistência feminista. CFEMEA – Centro Feminista de Estudo e Assessoria: Brasília/DF, 2015.

OLIVEIRA, Anita Loureiro de. A espacialidade aberta e relacional do lar: a arte de conciliar maternidade, trabalho doméstico e remoto na pandemia da COVID-19. Revista Tamoios, v. 16, n. 1, 2020. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/tamoios/article/view/50448. Acesso em: 19 jan. 2024.

OLIVEIRA, Thaís Zimovski Garcia de et al. Memórias em movimento: Histórias da casa Tina Martins no combate à Violência de Gênero. Revista de Administração de Empresas, v. 61, n. 4, p. e2020-0072, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rae/a/75rdHrR5qYxRxLFKpXQpQKk/?lang=pt. Acesso em: 19 out. 2023.

PAULON, Simone Mainieri. Sobre mulheres, luzes e violências obscurantistas: POA e a Casa Mirabal. Sul 21, 2021. Disponível em:

https://sul21.com.br/opiniao/2021/09/sobre-mulheres-luzes-e-violencias-obscurantistas-poa-e-a-casa-mirabal-por-simone-mainieri-paulon/. Acesso em: 8 nov. 2023.

ROLNIK, Raquel. O que é cidade? São Paulo: Editora Brasiliense, 1988.

ROMAGNOLI, Roberta Carvalho. A cartografia e a relação pesquisa e vida. Psicologia & sociedade, v. 21, p. 166-173, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/psoc/a/zdCCTKbXYhjdVYL4VS8cXWh/?lang=pt&format=html. Acesso em: 16 jun. 2024.

VASCONCELOS, Nádia Machado de et al. Subnotificação de violência contra as mulheres: uma análise de duas fontes de dados. Ciência & Saúde Coletiva, v. 29, 2024. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/csc/2024.v29n10/e07732023/. Acesso em: 19 set. 2023.

WEINER, Günter. Inter-Relações Afro-Brasileiras na arquitetura. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2014.

Downloads

Publicado

2025-08-20

Como Citar

Horn de Castro Silveira, L., Mainieri Paulon, S., Baldasso Siqueira, J., & Andrade Ew, H. (2025). A potência política do cuidado: cotidiano da militância feminista e a produção de novos modos de viver na cidade. Cadernos De Gênero E Diversidade, 11(3), 871–895. Recuperado de https://revbaianaenferm.ufba.br/index.php/cadgendiv/article/view/64314

Edição

Seção

Artigos