Necropedagogia da crueldade e a diversidade sexual/de gênero merecem corpos abjetos serem narrados?

Autores/as

Palabras clave:

LGBTQIAP , Pedagogia da crueldade, Morte e vida, Necropolítica, Precariedade

Resumen

O presente artigo tem por objetivo discutir e articular os conceitos de pedagogia da crueldade de Rita Segato, homo sacer de Agamben, necropolítica de Mbembe e vidas abjetas e precárias de Judith Butler, a fim de problematizar possíveis explicações sobre o aumento gradativo do número de mortes violentas na população LGBTQIAP+ no Brasil. Fica evidente que por não serem, muitas das vezes, consideradas vidas que merecem viver, mata-se de forma real e simbólica essa parte da população, seja por mortes violentas ou pelo seu silenciamento/apagamento enquanto cidadãos de direitos. Os dispositivos de controle sobre corpos, políticas públicas excludentes e formas de desassistimento de uma parte das pessoas exercidas pelo Estado soberano, fomentam essa necropedagogia da crueldade, tornando vidas já precárias em vidas inumanas e susceptíveis a serem mortas. Percebemo-nos como precários e necessitados da ajuda do outro, poderia fomentar uma sociedade mais empática e humana, abandonando e esquecendo quaisquer características de uma necropedagogia rumo a introjeção de uma pedagogia da solidariedade. No mais, torna-se necessária uma maior investigação acerca dessa temática por sua relevância, e que vidas vistas como abjetas sejam narradas.

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Publicado

2025-04-17

Cómo citar

Faquim Simão, G., & Henrique Barnabé Correa , T. . (2025). Necropedagogia da crueldade e a diversidade sexual/de gênero merecem corpos abjetos serem narrados?. Cadernos De Gênero E Diversidade, 10(4), 30–53. Recuperado a partir de https://revbaianaenferm.ufba.br/index.php/cadgendiv/article/view/54270

Número

Sección

Artigos